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Tarcísio nega relação de intoxicação por metanol com crime organizado, mas PF investiga ação do PCC
O governador de São Paulo, Tarcísio de Freitas (Republicanos), alegou nesta terça-feira (30) que "não há evidência nenhuma de que haja crime organizado" na adulteração das bebidas com metanol, afirmando que os casos recentes envolvem pessoas que atuam isoladamente em destilarias clandestinas.
"Os inquéritos que estão abertos, estão chegando a pessoas que estão trabalhando com adulteração nessas destilarias clandestinas. São pessoas que não têm relação com o crime organizado e que não têm relação entre si", disse durante coletiva. Segundo ele, trata-se de um problema de "ganância" amplificado por falhas regulatórias.
"Muito tem se especulado sobre, e agora tem esse negócio em São Paulo. Tudo é do PCC, né? Tem se especulado sobre a participação do crime organizado nessa adulteração de bebida. Só para deixar claro, não há evidência nenhuma de que haja crime organizado nisso."
Entretanto, a Polícia Federal (PF) anunciou a abertura de inquéritos que apontam uma outra direção. O caso atraiu interesse federal porque há indícios de que a adulteração tenha ultrapassado as divisas de São Paulo, atingindo outros estados — o que motiva a participação da PF.
Segundo o ministro da Justiça e Segurança Pública, Ricardo Lewandowski, o objetivo é investigar a origem do metanol, a cadeia de distribuição das bebidas contaminadas e possíveis conexões com organizações criminosas.
O diretor-geral da PF, Andrei Rodrigues, declarou que será apurada eventual ligação com operações ilícitas realizadas no setor de combustíveis, com apurações anteriores de uma possível importação ilegal de metanol vinculada ao PCC. Há suspeitas de que o grupo tenha utilizado estoques sobressalentes do produto químico que antes seriam usados em postos, mas que encontraram barreiras fiscalizatórias e precisariam ser remanejados.
Durante a coletiva, Tarcísio anunciou medidas emergenciais de fiscalização, intensificação das operações sanitárias e cooperação entre secretarias estaduais e forças policiais para localizar a origem da adulteração.
De acordo com o secretário de Segurança Pública de São Paulo, Guilherme Derrite, foram apreendidas 117 garrafas de bebidas sem rótulo e sem comprovação de procedência em bares e adegas nas regiões dos Jardins e da Mooca, em São Paulo.
Além de uma jovem de 23 anos que afirmou ter perdido a visão temporariamente após ingerir bebida supostamente adulterada, são 22 casos entre confirmados e suspeitos e cinco mortes. O governo de São Paulo anunciou a criação de um gabinete de crise para coordenar ações contra a intoxicação por metanol, com 50 mil garrafas adulteradas apreendidas.
Estudos da Federação de Hotéis, Restaurantes e Bares do Estado de São Paulo (Fhoresp) indicam que 36% das bebidas alcoólicas vendidas no Brasil são falsificadas, adulteradas ou contrabandeadas.
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