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Mpox: antiviral não é eficaz contra variante mais perigosa, diz estudo
Medicamento foi usado durante o surto de 2022 e é seguro e bem tolerado, mas não reduziu a duração das lesões em crianças e adultos infectadas pelo Clado 1
O medicamento antiviral tecovirimat não foi capaz de reduzir os sintomas de mpox causados pela infecção pelo Clado 1, linhagem mais transmissível e letal da doença que está em circulação atualmente. De acordo com um estudo patrocinado pelos Institutos Nacionais de Saúde dos EUA (NIH), o medicamento não reduziu a duração das lesões características da doença entre crianças e adultos infectados na República Democrática do Congo (RDC).
O tecovirimat, também conhecido como Tpoxx ou de ST-246, foi aprovado pela FDA, agência que regula medicamentos nos EUA, em 2018 para o tratamento da varíola humana. Embora a doença esteja erradicada do mundo, existe a preocupação de que esse vírus possa ser usado para bioterrorismo, dado que ele ainda existe em alguns laboratórios do mundo.
Em 2022, o antiviral foi licenciado pela Agência Europeia de Medicamentos (EMA) para tratar a mpox, com base em dados de estudos em animais e humanos. Seu uso também foi aprovado em caráter excepcional e temporário pela Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) em virtude do surto mundial que também atingiu o Brasil.
Acredita-se que o medicamento também seja eficaz contra outras infecções causadas por outros vírus da família ortopoxvírus (mesma da varíola humana), que são a mpox e a varíola bovina. Entretanto, dados sobre sua eficácia contra a mpox foram em grande parte limitados a estudos em animais e relatos de casos.
Mesmo assim, esse medicamento foi amplamente usado no surto de 2022, indicado para ser usado na fase inicial da infecção, ou seja, entre o primeiro e o quinto dia do aparecimento dos sintomas. Isso porque a maior eficácia da fórmula é obtida quando a carga viral do vírus da varíola dos macacos está mais alta. Ele também é utilizado para tratar complicações que podem ocorrer após a vacinação contra a varíola.
Entretanto, o novo estudo mostrou que ele não funciona contra a linhagem de Clado 1 - mais infecciosa e letal -, que está se espalhando atualmente. Lembrando que o surto de 2022 foi causado pela linhagem Clado 2, que é menos letal e transmissível do que o Claro 1, que começou a circular este ano e preocupa autoridades de saúde.
No estudo co-patrocinado pelo NIH, os pacientes da República Democrática do Congo, onde a mpox é endêmica, foram randomizados para receber tecovirimat ou placebo. Todos os pacientes tiveram que permanecer no hospital para tratamento. Ambos os grupos viram seus sintomas desaparecerem em uma escala de tempo semelhante. O medicamento foi bem tolerado, sem eventos adversos sérios.
Por outro lado, houve menor mortalidade pela doença entre os participantes do estudo, em comparação com a população em geral (1,7% no estudo versus pelo menos 3,6% na República Democrática do Congo). De acordo com os pesquisadores, esse resultado mostra que melhores desfechos entre as pessoas com a doença podem ser alcançados quando são hospitalizadas e recebem cuidados de suporte de alta qualidade.
“Essas descobertas são decepcionantes, mas nos fornecem informações essenciais e reforçam a necessidade de identificar outros candidatos terapêuticos para mpox enquanto continuamos a pesquisa sobre o uso do tecovirimat em outras populações com mpox”, disse a diretora do NIAID (ligado ao NIH), Jeanne Marrazzo, em comunicado. “Continuamos empenhados em desenvolver intervenções seguras e eficazes, incluindo tratamentos e vacinas, que possam aliviar a devastadora carga de mpox na África Central e abordar a forma mais branda do vírus que circula globalmente.”
A Siga Technologies, empresa fabricante do tecovirimat, disse em comunicado que dois subconjuntos de pacientes tiveram “melhora significativa” com o medicamento: aqueles que se inscreveram no estudo dentro de sete dias após o início dos sintomas e aqueles com doença grave.
No entanto, a empresa não compartilhou dados específicos nem disse se esses resultados eram estatisticamente significativos. O NIH também não destacou nenhum subconjunto sobre seu estudo, dizendo apenas que estão planejadas análises adicionais.
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