Finanças

Bolsa Família: saída do programa é mais lenta entre mulheres, na área rural e no Norte e Nordeste, diz pesquisa

Ministro destaca que Norte e Nordeste concentram maior número de pessoas em situação de pobreza, dificultando saída do programa

Agência O Globo - 06/12/2025
Bolsa Família: saída do programa é mais lenta entre mulheres, na área rural e no Norte e Nordeste, diz pesquisa
BOLSA FAMILIA

O estudo "Filhos do Bolsa Família: uma análise da última década do programa", produzido pela Fundação Getúlio Vargas em parceria com o Ministério do Desenvolvimento e Assistência Social, Família e Combate à Fome, revelou que, de cada dez jovens que recebiam o benefício em 2014, a maioria já deixou o programa até outubro deste ano.

A taxa de saída mais elevada foi observada entre adolescentes. Entre os beneficiários que tinham de 11 a 14 anos em 2014, 68,8% já haviam deixado o programa até outubro deste ano. Na faixa etária de 15 a 17 anos, o percentual sobe para 71,25%.

A pesquisa também identificou desigualdades regionais e de gênero na saída do Bolsa Família. Mulheres, moradores da zona rural e das regiões Norte e Nordeste deixam o programa em ritmo bem menor, o que revela uma dificuldade maior para esses grupos conseguirem se desligar do benefício ao longo do tempo.

Entre os jovens de 6 a 17 anos, 67% dos que viviam em áreas urbanas deixaram o programa entre 2014 e outubro de 2025, enquanto no meio rural esse percentual cai para 55%. Quando os pais trabalhavam na agricultura, a taxa de saída diminui ainda mais, chegando a 53%, contra 70% entre os ocupados em outras atividades.

Na análise regional, a taxa de saída do Bolsa Família nesse período atingiu 80% no Sul, 77% no Centro-Oeste e 75% no Sudeste. Já no Nordeste, o índice foi de 57%, e no Norte, de 55%.

O ministro do Desenvolvimento Social, Wellington Dias, explicou que Norte e Nordeste apresentam percentuais mais baixos de saída do programa porque concentram um número maior de pessoas em situação de pobreza do que outras regiões. Além disso, são áreas com predominância de moradores na zona rural, onde eliminar a pobreza é ainda mais desafiador devido à escassez de oportunidades de emprego e ao baixo acesso à infraestrutura básica.

Dias ressaltou que os dados reforçam a necessidade de o governo direcionar atenção especial às áreas rurais e às mulheres, muitas das quais não conseguem trabalhar por terem de cuidar de filhos, idosos ou pessoas com deficiência sem qualquer remuneração.

O ministro destacou que o governo vem ampliando políticas de qualificação e geração de renda por meio do programa Acredita, que oferece microcrédito e apoio ao empreendedorismo, além de cursos de curta duração para inserção rápida no mercado de trabalho.

Ele também mencionou iniciativas de cuidado, como as “cuidotecas”, espaços criados para que mães possam deixar crianças ou dependentes e, assim, buscar emprego ou estudar:

— Esse olhar é necessário e temos ainda muito aperfeiçoamento que temos que fazer.