Finanças
PIB: país cresce 0,1% no terceiro trimestre do ano, com freio no consumo
Apetite das famílias por compras de bens e serviços ficou estável em 0,1%, menor variação desde o quarto trimestre de 2024. Dados foram divulgados nesta quinta-feira pelo IBGE
No terceiro trimestre do ano, a economia brasileira freou de vez no terceiro trimestre. O PIB (soma de todos os bens e serviços produzidos pelo país) cresceu apenas 0,1% em relação ao segundo trimestre, informou o IBGE nesta quinta-feira (dia 4).
É um ritmo bem menos intenso que o registrado no início do ano, quando a atividade econômica avançou 1,5%, segundo dados revisados pelo instituto.
As projeções de analistas do mercado financeiro apontavam para um avanço de 0,2%, segundo pesquisa do jornal Valor Econômico com 70 equipes de economistas.
Selic
Como esperado, os juros elevados esfriaram a demanda. Para conter a inflação, o Banco Central (BC) subiu a taxa básica de juros (Selic) entre setembro de 2024 e junho último, saindo de 10,5% ao ano para 15% ao ano. Desde então, vem mantendo esse nível, o maior em quase 20 anos.
Com isso, o avanço do consumo das famílias desacelerou, apesar dos recordes sucessivos de baixa no desemprego, e avançou apenas 0,1% no terceiro trimestre. Foi o menor crescimento desde o quarto trimestre de 2024 e o menor para um terceiro trimestre desde 2016.
Tradicionalmente, o PIB da agropecuária no Brasil tem seu melhor desempenho concentrado no primeiro semestre.
Isso porque a colheita da soja, principal cultura da agricultura nacional, se dá entre o primeiro e o segundo trimestres — para o cálculo do PIB, é no momento da colheita em que o valor da atividade é adicionado.
No terceiro trimestre, ocorre a finalização da colheita do milho de segunda safra, que é plantado após a colheita da soja, nas mesmas áreas.
Serviços ficam estáveis
Já o setor de serviços (0,1%) não mostrou variação significativa. Ele responde por cerca de 70% do PIB brasileiro. Logo, um crescimento tão baixo influencia o resultado final da atividade econômica.
Dentro de serviços, o segmento que chama atenção é o de transporte e armazenagem. Para Claudia Dionísio, analista das Contas Trimestrais do IBGE, o grande escoamento de produção de commodities, decorrente do bom desempenho da indústrias extrativa mineral e da agropecuária, contribuiu positivamente para essa atividade.
Revisão do PIB
O IBGE revisou para cima o crescimento da economia brasileira no primeiro trimestre deste ano, mas, com isso, piorou o desempenho do quarto trimestre de 2024. O instituto havia divulgado que o PIB dos três primeiros meses do ano tinha registrado crescimento de 1,3%. Agora, o IBGE constatou uma expansão de 1,5%.
Já no quarto trimestre de 2024, a variação passou de uma leve alta de 0,1% para uma leve queda de 0,1%. O crescimento anual de 2024 foi mantido em 3,4% — com a desaceleração já verificada no segundo e no terceiro trimestres, o desempenho deste ano ficará mais perto de 2%.
Houve também uma ligeira piora no desempenho do segundo trimestre. Anteriormente, o IBGE estimou uma alta de 0,4%. Agora, revisou para 0,3% de avançoa ante de o primeiro trimestre deste ano.
As revisões de cálculos anteriores para o desempenho do PIB são normais em todos os órgãos de estatísticas econômicas do mundo — o BEA, equivalente ao IBGE nos EUA, divulga três estimativas para cada trimestre do PIB americano.
No Brasil, os ajustes mais significativos costumam ocorrer quando é divulgado o PIB do terceiro trimestre porque o IBGE aproveita a divulgação das Contas Nacionais Anuais de dois anos antes, que costuma ser informada em novembro. Com base nesse dado de dois anos antes, o PIB de cada trimestre é recalculado.
No início do mês passado, o IBGE confirmou que o PIB de 2023 avançou 3,2%.
Projeções para 2025
Economistas têm avaliado que, mesmo com uma desaceleração natural no ritmo de geração de empregos, a força do mercado de trabalho tem contribuído para que a perda de fôlego do PIB seja gradual.
Com a perda de fôlego, analistas projetam que o crescimento econômico anual de 2025 ficará entre 2% e 2,5%, após três anos seguidos de altas em torno de 3%, no período de retomada da crise causada pela Covid-19.
Pela ótica da produção, o destaque foi a indústria, que cresceu 0,8%. É pouco, mas num trimestre em que a economia ficou praticamente estável, o setor se destacou. Os segmentos que puxaram o resultado foram a indústria extrativa (1,7%) e da construção (1,3%).
Agropecuária surpreende e sobe 0,4%
A agropecuária também avançou (0,4%), embora mais lentamente que nos outros trimestres. O resultado surpreendeu analistas, que projetavam queda de 1,8%.
No primeiro trimestre, o setor saltou 16,4% em relação os três últimos meses de 2024, por causa da supersafra de grãos.
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