O ministro Dias Toffoli, do Supremo Tribunal Federal (STF), citou um documento sobre uma negociação imobiliária entre o dono do Banco Master, Daniel Vorcaro, e o deputado federal Bacelar (PL-BA), para determinar que as próximas decisões da investigação envolvendo possíveis fraudes no banco devem ser autorizadas pelo STF.

A decisão de Toffoli foi tomada após pedido da defesa de Vorcaro, que mencionou o documento da tratativa imobiliária apreendido pela Polícia Federal (PF). "Diante de investigação supostamente dirigida contra pessoas com foro por prerrogativa de função, conforme inclusive já noticiado pela mídia formal, fixada está a competência da corte constitucional", afirmou o ministro.

Toffoli estabeleceu que "novas diligências e medidas devem ser previamente submetidas" ao STF, incluindo aquelas relacionadas a "outras investigações conexas". A investigação tramita atualmente na Justiça Federal de Brasília.

Vorcaro e outros quatro executivos do Master foram presos há duas semanas na Operação Compliance Zero, que apura um suposto esquema de criação e negociação de títulos de crédito falsos. Eles foram soltos no sábado, por decisão do Tribunal Regional Federal da 1ª Região (TRF-1).

A solicitação ao STF foi apresentada pela defesa do banqueiro após a descoberta do documento que cita Bacelar. O deputado afirma que atuou para constituir um fundo com o objetivo de construir um empreendimento imobiliário em Porto Seguro (BA), e que Vorcaro demonstrou interesse na negociação e o procurou. Segundo Bacelar, documentos chegaram a ser enviados ao banqueiro, mas não houve confirmação do negócio.

— Estive várias vezes com ele sobre esse assunto. Ele é meu amigo e falou que tinha interesse. Mas o negócio não se concretizou, porque ele disse que estava tentando salvar o banco e que essa era a prioridade no momento — afirmou Bacelar.

De acordo com o deputado, Vorcaro ainda tinha dúvidas se investiria por meio do fundo para o mercado imobiliário do banco ou como pessoa física.