Finanças

Desemprego é menor entre idosos, que têm renda acima da média nacional

Em 2024, o rendimento médio das pessoas com 60 anos ou mais chegou a R$ 3.108, ficando 14,6% acima do valor recebido pela população em geral. Taxa de desemprego entre idosos ficou em apenas 2,9%

Agência O Globo - 03/12/2025
Desemprego é menor entre idosos, que têm renda acima da média nacional
Desemprego é menor entre idosos, que têm renda acima da média nacional - Foto: Depositphotos Foto: https://depositphotos.com/

A presença de idosos no mercado de trabalho brasileiro vem crescendo e se consolidando, impulsionada sobretudo pelo envelhecimento da população, entre outros fatores econômicos e sociais. Em 2024, cerca de uma em cada quatro pessoas com 60 anos ou mais estava ocupada — um nível de 24,4%, o maior da série histórica.

Os dados fazem parte da Síntese de Indicadores Sociais 2025, divulgada pelo IBGE, que aponta ainda que o desemprego entre idosos é consideravelmente mais baixo do que o da população geral: apenas 2,9%, ante 6,6% da média nacional. A taxa composta de subutilização também foi menor, de 13,2%, enquanto no total da população chegou a 16,2%.

Entre principais causas para a maior inserção de idosos no mercado de trabalho, o documento cita mudanças demográficas, maior expectativa de vida, transformações nos arranjos familiares, informalidade elevada, além das regras mais rígidas de aposentadoria implementadas após a reforma da Previdência, em 2019.

O Brasil tinha 34,1 milhões de idosos em 2024, um crescimento de 53,3% desde 2012. Eles já representam 19,7% da população em idade de trabalhar, com predominância feminina: 55,9% são mulheres.

O rendimento dos trabalhadores mais velhos também se destaca. Entre as pessoas com 60 anos ou mais, o ganho médio ficou em R$ 3.108, valor 14,6% superior ao da média geral.

Mesmo assim, há desigualdades internas importantes. Homens idosos receberam R$ 4.071, enquanto as mulheres ficaram em R$ 2.718, uma diferença de 33,2%. No recorte por cor ou raça, trabalhadores brancos dessa faixa etária ganharam R$ 4.687, quase o dobro do rendimento de idosos pretos ou pardos, que foi de R$ 2.403.

No rendimento por hora trabalhada, a vantagem dos mais velhos também se mantém: R$ 25,60, quase o dobro do valor recebido pelo grupo de 14 a 29 anos (R$ 13,30).

As pessoas de 30 a 49 anos (R$ 20,70/h) e de 50 a 59 anos (R$ 21,30/h) também ficaram acima da média nacional, mas ainda atrás do grupo de 60+. O resultado indica que quem permanece ativo após os 60 tende a ocupar posições de maior remuneração ou carregar experiências que elevam o valor da hora trabalhada.

Nessa comparação também há as diferenças de gênero e raça. Homens com 60 anos ou mais ganharam, em média, R$ 28,10 por hora — 30,3% a mais do que mulheres da mesma faixa etária. O contraste por cor ou raça é ainda mais acentuado: idosos brancos receberam R$ 33,10 por hora, um rendimento 85,6% superior ao de pessoas idosas pretas ou pardas.

Maioria é autônomo

A inserção das pessoas com 60 anos ou mais no mercado de trabalho brasileiro segue um padrão diferente do observado entre a população geral. Em 2024, os trabalhadores idosos estiveram mais presentes em ocupações por conta própria, que oferecem maior flexibilidade, mas também tendem a estar mais associadas à informalidade.

Quase metade dos idosos ocupados (43,3%) trabalhava como autônoma, proporção superior à registrada entre o conjunto da população a partir de 14 anos, onde o trabalho por conta própria respondia por 25,2%.

Já as formas de emprego assalariado tinham peso menor entre os mais velhos: apenas 17,0% estavam em postos com carteira assinada, enquanto a maioria dos demais trabalhadores estava nessa categoria, alcançando 40,7%. O emprego sem carteira também foi menos frequente entre os idosos (11,3%), ante 14,1% no total da força de trabalho.

No conjunto, trabalho autônomo, empregado formal e empregado informal somaram 71,6% das ocupações das pessoas idosas em 2024. As demais posições completam esse quadro: militares e servidores estatutários representavam 10,4%; empregadores, 7,8%; trabalhadores familiares auxiliares, 2,0%; domésticos com carteira, 1,7%; e domésticos sem carteira, 6,5%.

Os números indicam que, ao contrário do padrão mais comum entre trabalhadores mais jovens, concentrados em empregos formais, os idosos permanecem vinculados a formas mais flexíveis de ocupação.