Finanças

Desigualdade volta a cair no Brasil e atinge menor nível histórico, mas país ainda lidera ranking global

Índice de Gini cai para 0,504 em 2024, impulsionado por programas sociais e mercado de trabalho mais forte, segundo IBGE

Agência O Globo - 03/12/2025
Desigualdade volta a cair no Brasil e atinge menor nível histórico, mas país ainda lidera ranking global
Desigualdade volta a cair no Brasil e atinge menor nível histórico, mas país ainda lidera ranking global - Foto: Reprodução

A desigualdade de renda no Brasil voltou a cair em 2024 e atingiu o menor patamar da série histórica, conforme a nova edição da Síntese de Indicadores Sociais divulgada pelo IBGE nesta quarta-feira. Apesar do avanço, o país segue entre os mais desiguais do mundo.

O índice de Gini, que mede a concentração de renda (de zero, igualdade total, a 1, máxima desigualdade), registrou queda significativa: após estabilidade em 2023 (0,517), recuou para 0,504, novo piso da série.

Segundo o IBGE, a melhora reflete o impacto dos programas sociais e o maior dinamismo do mercado de trabalho, que ampliaram a renda principalmente entre as faixas mais baixas.

A trajetória do Gini mostra avanços e retrocessos na última década. Em 2012, o índice era de 0,540, caindo até 0,524 em 2015. Entre 2016 e 2018, voltou a subir, estabilizando-se em 2019. Em 2020, caiu com os benefícios emergenciais da pandemia, mas subiu novamente em 2021, com a redução dos auxílios e o enfraquecimento do mercado de trabalho. Em 2022, a recuperação do emprego provocou nova queda, movimento reforçado em 2024.

O levantamento destaca o peso das políticas sociais: sem os benefícios, o Gini de 2024 seria 7,5% maior, passando de 0,504 para 0,542.

Outra métrica mostra que, em 2024, a renda dos 10% mais ricos foi 3,3 vezes maior que a dos 40% mais pobres — uma redução em relação a 2023, quando essa relação era de 3,6 vezes.

Essa queda é resultado do aumento de 4,3% da renda dos 40% mais pobres e da redução de 3,2% entre os 10% mais ricos.

Mais pobres veem renda saltar 13% em 2024; topo da pirâmide cresce só 1,6%

Entre 2023 e 2024, os grupos mais pobres foram os que mais ganharam renda: os 10% com menores rendimentos tiveram aumento de 13,2%, chegando a R$ 248 mensais, enquanto o segundo décimo subiu 10,2%, alcançando R$ 518.

No topo, os 10% mais ricos tiveram crescimento de apenas 1,6%, com média de R$ 7.983. Ainda assim, esse grupo recebeu 32,2 vezes mais que os mais pobres — diferença que já foi de 44,6 vezes em 2012, indicando redução, mas com desigualdade ainda elevada.

Em comparação internacional feita pela OCDE, o Brasil permanece entre os países com maior desigualdade de renda. Em 2022, a renda dos 20% mais ricos era cerca de 11 vezes superior à dos 20% mais pobres, segunda maior disparidade entre 40 países analisados, atrás apenas da Costa Rica (12,3 vezes) e à frente de Chile, México, Portugal, Espanha, Itália, França e Suécia.

A síntese do IBGE aponta que a recente queda da desigualdade está relacionada principalmente ao crescimento de 3,7% na renda do trabalho em 2024, beneficiando, sobretudo, os segmentos mais pobres. Esse cenário se soma aos efeitos dos programas sociais, que reforçaram o rendimento das famílias vulneráveis e contribuíram para a redução da pobreza e da extrema pobreza.