Finanças

Em Goiás, lideranças do agro querem logística e energia como prioridades

Evento ‘Vozes do Agro’, da Globo Rural, discute problemas do setor, como falta de ferrovias, estado das estradas e eletrificação da área rural

Agência O Globo - 03/12/2025
Em Goiás, lideranças do agro querem logística e energia como prioridades
Em Goiás, lideranças do agro querem logística e energia como prioridades - Foto: Reprodução /FREEPIK

Os investimentos em logística e energia são apontados como essenciais para impulsionar o desenvolvimento do agronegócio em Goiás, de acordo com participantes do evento “Vozes do Agro”, promovido pela revista Globo Rural na última terça-feira, em Goiânia. A infraestrutura foi o principal tema abordado por produtores rurais, empresários, pesquisadores e dirigentes de entidades de classe, que destacaram os desafios enfrentados pelo setor.

As deficiências em rodovias, ferrovias, portos e estruturas de armazenagem são reclamações frequentes do agronegócio nacional, assim como o alto custo e a oferta limitada de energia. No entanto, o evento evidenciou que, para as lideranças goianas, esses pontos precisam ser prioridade em decisões de investimentos públicos e privados.

Um dos participantes ressaltou: “Goiás está no coração do Brasil, longe dos portos por onde escoamos nossa produção”, lamentando a falta de avanços em projetos ferroviários. Outro destacou a necessidade de “estimular investimentos não só em estradas, mas também em ferrovias e hidrovias”.

O formato do evento em Goiânia seguiu o padrão das edições realizadas em São Paulo em 2024 e 2025, com debates em que a autoria dos comentários é preservada. A proposta é incentivar discussões francas, sem receio de exposição.

Sobre infraestrutura de transportes, um participante lembrou que Goiás é um dos maiores produtores de commodities agrícolas do país, mas as limitações logísticas afetam toda a cadeia, inclusive produtos perecíveis. “Um representante da citricultura comentou que sofre para transportar sua carga, que é perecível. Com o estado atual das estradas, há sempre o risco de se perder a produção no transporte”, relatou.

Em relação à energia, as críticas envolveram tanto o custo elevado quanto a dificuldade de acesso suficiente para atender produtores, empresas e cooperativas. Um dos debatedores destacou que, apesar do avanço de usinas de cana-de-açúcar investindo em cogeração, muitas recorrem a geradores a diesel devido a problemas de fornecimento.

Os debates ocorreram em mesas de oito a dez pessoas, que buscaram não só identificar desafios, mas também propor soluções. Uma das participantes sugeriu que o investimento na cadeia de biocombustíveis, com produção de etanol de cana e milho, pode ser uma resposta estratégica. “Já estamos utilizando dejetos da produção no campo para gerar energia e podemos crescer também nessa frente. Além disso, os biocombustíveis podem nos colocar na dianteira dos esforços em sustentabilidade”, afirmou.

Também foi discutida a necessidade de o setor comunicar melhor seus diferenciais sustentáveis. “Para combater o preconceito com o agro, temos que mostrar o que de fato acontece no setor”, defendeu um dos participantes.

Com reportagem de Danton Boatini Júnior, Gabriella Weiss, Izabel Gimenez, Luciana Franco, Marcos Fantin, Maria Emília Zampieri, Nayara Figueiredo, Rafael Walendorff e Raphael Salomão, de Goiânia.