Finanças
Correios suspendem empréstimo de R$ 20 bilhões após recusa do Tesouro à taxa proposta
Oferta de bancos previa custos superiores ao que é considerado como parâmetro para operações com garantia da União
A direção dos Correios suspendeu as negociações para a contratação de um empréstimo de R$ 20 bilhões junto a bancos devido aos custos considerados elevados. A decisão foi tomada após reunião entre o presidente da estatal, Emmanoel Rondon, e representantes do Ministério da Fazenda. No encontro, o Tesouro Nacional informou que não aceitaria conceder garantia para operações com taxa de juros acima de 120% do Certificado de Depósito Interbancário (CDI), índice utilizado para empréstimos entre instituições financeiras.
A proposta apresentada pelos bancos BTG Pactual, Banco do Brasil, Citibank, ABC Brasil e Safra previa uma taxa próxima de 136% do CDI, valor considerado alto em relação ao limite de 120% praticado em operações com aval do Tesouro.
A contratação do crédito havia sido aprovada pelo Conselho de Administração dos Correios no último sábado. Na ocasião, em comunicado interno, a empresa já havia informado que as "condições financeiras" ainda estavam em negociação com as instituições envolvidas.
Com a suspensão, a nova diretoria da estatal buscará alternativas e tentará negociar melhores condições, ressaltando que a garantia da União reduz substancialmente o risco da operação.
Segundo a cúpula dos Correios, o empréstimo de R$ 20 bilhões seria fundamental para reequilibrar o caixa, quitar dívidas em atraso, recuperar a operação e viabilizar o plano de reestruturação, com o objetivo de retomar a lucratividade em 2027.
Até setembro, o prejuízo acumulado em 2025 chega a R$ 6,05 bilhões, quase o triplo do registrado no mesmo período do ano passado. Estimativas internas projetam um déficit de R$ 10 bilhões para este ano e de R$ 23 bilhões em 2026, caso o plano de reestruturação não seja implementado. O cenário decorre da queda de receitas, aumento de custos e perda de participação no mercado de encomendas, que caiu de 51% para 25%.
Entre as medidas previstas no plano estão um Programa de Demissão Voluntária (PDV) para até 10 mil funcionários, a venda de imóveis ociosos com potencial de arrecadação de até R$ 1,5 bilhão e a otimização da rede de atendimento, com redução de até mil pontos deficitários. O plano também prevê a diminuição do déficit do Postal Saúde, plano de saúde dos funcionários mantido pela empresa.
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