Finanças
Governo avalia rever meta fiscal das estatais em 2026 após prejuízo dos Correios
Estatal busca empréstimo de R$ 20 bilhões; equipe econômica afirma que é preciso ter clareza sobre o cenário antes de definir mudanças
O governo federal avalia promover mudanças na meta de resultado primário das empresas estatais não dependentes do Tesouro Nacional para 2026, diante do agravamento da situação financeira dos Correios. Integrantes da equipe econômica ressaltam, porém, que é fundamental compreender com precisão o cenário da estatal antes de qualquer decisão.
Empréstimo para os Correios pode impactar 200 mil servidores
Atualmente, o Projeto de Lei de Diretrizes Orçamentárias (PLDO) de 2026 estabelece uma meta de resultado primário de R$ 6,75 bilhões para as estatais. No entanto, o déficit estimado para este ano foi revisado de R$ 5,5 bilhões em setembro para R$ 9,2 bilhões em novembro, impulsionado principalmente pela grave crise nos Correios, cujo resultado negativo projetado piorou em R$ 3,4 bilhões.
Esse cenário fez com que a estimativa superasse a meta de 2023, de R$ 6,2 bilhões, obrigando o governo a compensar R$ 3 bilhões para evitar descumprimento, o que resultou na necessidade de segurar outros gastos no Orçamento.
Agora, a intenção é realizar uma análise ampla para 2026, a fim de verificar se a meta proposta no PLDO está compatível com a situação fiscal das estatais e evitar novas compensações em ano eleitoral. A avaliação foi revelada pelo jornal “Estado de S. Paulo” e confirmada pelo GLOBO.
O secretário-executivo do Ministério da Fazenda, Dario Durigan, reconheceu no fim de novembro que a situação dos Correios pode se tornar um problema ainda maior para as contas públicas no próximo ano.
— É um ponto que tem me incomodado. É um resultado muito ruim, que de fato causa o impacto negativo neste relatório. Não fossem os Correios, poderíamos estar em um cenário um pouco melhor, mas temos que lidar com a situação que nos chega — afirmou Durigan.
Entenda a crise nos Correios
Com prejuízos recorrentes, os Correios buscam um empréstimo de R$ 20 bilhões, já aprovado internamente. Segundo fontes da empresa, o crédito será liberado em três parcelas: R$ 10 bilhões em 2025 e mais duas de R$ 5 bilhões em 2026. O prazo para quitação é de 15 anos, com três anos de carência para o pagamento dos juros. A operação foi negociada com um consórcio de bancos, incluindo Banco do Brasil, Citibank, ABC, BTG e Safra.
A direção da estatal aguarda a liberação da primeira parcela ainda neste mês para regularizar dívidas e fechar as contas de 2023.
O empréstimo está vinculado a um plano de reestruturação dos Correios, que prevê corte de despesas na ordem de R$ 2 bilhões, principalmente com pessoal e o fechamento de mil agências. Para aumentar a receita, o plano inclui a venda de imóveis ociosos, estimando arrecadação de R$ 1,5 bilhão, além do lançamento de novos serviços em parceria com o setor privado.
Parte dos recursos será destinada ao plano de demissão voluntária (PDV), com previsão de desligamento de dez mil funcionários. O restante será utilizado para quitar empréstimos bancários antigos, dívidas com fornecedores e prestadores de serviço, sentenças judiciais e obrigações com previdência e FGTS.
Após a validação do Tesouro, um decreto presidencial deverá ser editado para fundamentar juridicamente a operação de salvamento da estatal, que opera no vermelho desde julho e acumulou prejuízo de R$ 6 bilhões entre janeiro e setembro deste ano.
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