Finanças

Correios negociam empréstimo de R$ 20 bilhões com bancos; primeira parcela pode sair ainda este ano

Estatal deve enviar documentos ao Tesouro Nacional nesta segunda-feira para aprovação da operação

Agência O Globo - 01/12/2025
Correios negociam empréstimo de R$ 20 bilhões com bancos; primeira parcela pode sair ainda este ano
correios_tmazs_3012203636.jpg

A direção dos Correios pretende enviar nesta segunda-feira à Secretaria do Tesouro Nacional, do Ministério da Fazenda, a documentação referente ao empréstimo de R$ 20 bilhões, que a estatal espera fechar nos próximos dias. Como a operação conta com o aval da União, em caso de inadimplência, a contratação precisa ser aprovada pelo órgão federal.

A expectativa na cúpula da empresa é de que o empréstimo seja autorizado rapidamente, já que o processo foi previamente discutido com representantes do Tesouro e da própria estatal.

De acordo com fontes ligadas aos Correios, o empréstimo será liberado em três parcelas: R$ 10 bilhões ainda em 2025 e mais duas parcelas de R$ 5 bilhões em 2026. O prazo de pagamento será de 15 anos, com três anos de carência para o início da quitação dos juros. A negociação envolve um consórcio de bancos formado por Banco do Brasil, Citibank, ABC, BTG e Safra.

Apesar de a União ser garantidora da operação, os bancos estão cobrando juros de 136% do Certificado de Depósito Interbancário (CDI), índice utilizado nas transações entre instituições financeiras.

No entanto, empréstimos com garantia da União deveriam estar limitados a 120% do CDI, conforme as regras do Tesouro. O aumento da taxa reflete o risco percebido pelos bancos diante da deterioração das contas dos Correios.

A direção da estatal aguarda a liberação da primeira parcela ainda este mês para regularizar dívidas e equilibrar as contas de 2024.

O empréstimo faz parte do plano de reestruturação dos Correios, que inclui corte de despesas na ordem de R$ 2 bilhões, principalmente com pessoal e o fechamento de mil agências. Entre as medidas para aumentar receitas, estão previstas a venda de imóveis ociosos, com expectativa de arrecadar R$ 1,5 bilhão, e a oferta de novos serviços em parceria com o setor privado.

Parte dos recursos será destinada ao Plano de Demissão Voluntária (PDV), que prevê o desligamento de dez mil funcionários. O restante será utilizado para quitar empréstimos bancários antigos, dívidas com fornecedores e prestadores de serviço, sentenças judiciais e obrigações com a previdência e o FGTS.

Após a validação do Tesouro, um decreto presidencial deverá ser editado para dar embasamento jurídico à operação de salvamento da estatal, que opera no vermelho desde julho e registrou prejuízo de R$ 6 bilhões entre janeiro e setembro deste ano.