Finanças

Suíços rejeitam taxação de super-ricos para financiar combate à mudança climática

Proposta para substituir o serviço militar obrigatório, hoje restrito a homens, por dever cívico independente de gênero também foi rejeitada

Agência O Globo - 01/12/2025
Suíços rejeitam taxação de super-ricos para financiar combate à mudança climática
Suíços rejeitam taxação de super-ricos para financiar combate à mudança climática

Os suíços rejeitaram, neste domingo, uma proposta para taxar os super-ricos com o objetivo de financiar o combate à mudança climática. Segundo os resultados oficiais do plebiscito, a chamada “iniciativa para o futuro” — que previa um novo imposto climático sobre grandes heranças — foi reprovada por mais de 78% dos eleitores.

A proposta, apresentada pela ala jovem do Partido Socialista da Suíça, sugeria a criação de um imposto de 50% sobre heranças de fortunas superiores a 50 milhões de francos suíços (cerca de US$ 63 milhões), medida que afetaria aproximadamente 2.500 lares no país.

Com o slogan “taxar os ricos, salvar o clima”, o grupo estimava que a arrecadação poderia chegar a 6 bilhões de francos suíços por ano, verba destinada a financiar a transformação ecológica da economia suíça, por meio de ações como renovação de edifícios, desenvolvimento de energias renováveis e expansão do transporte público.

No entanto, uma forte campanha contrária alertou para o risco de que pessoas muito ricas pudessem deixar o país para evitar o imposto, o que poderia enfraquecer a economia. Após a divulgação do resultado, a presidente suíça e ministra das Finanças, Karin Keller-Sutter, afirmou que “isso teria sido um sinal ruim para pessoas ricas que desejam vir para a Suíça e se estabelecer no país”.

Críticos também advertiram que herdeiros de empresas familiares poderiam ser prejudicados pela medida.

No sistema de democracia direta da Suíça, são necessárias 100 mil assinaturas para levar praticamente qualquer tema a voto popular, permitindo aos cidadãos se pronunciarem sobre uma ampla gama de assuntos a cada poucos meses, nos níveis nacional, regional e local.

Serviço militar obrigatório

Também neste domingo, os eleitores suíços rejeitaram uma proposta para substituir o atual serviço militar obrigatório — restrito a homens — por um dever cívico obrigatório para todos.

A chamada proposta de Dever Cívico, que exigia que todo cidadão suíço, independentemente de gênero, prestasse serviço nacional no exército ou em função civil, foi rejeitada por 84% dos eleitores.

Os resultados finais dos 26 cantões confirmaram a rejeição das iniciativas, que geraram debates significativos na rica nação alpina. O governo e o parlamento suíços já haviam se posicionado contra ambas as propostas, argumentando que elas acarretariam custos elevados e poderiam ameaçar a economia.