Finanças
Conselho dos Correios aprova empréstimo de R$ 20 bilhões para reestruturação da estatal
Operação depende de aval do Tesouro Nacional para ser efetivada
O Conselho de Administração dos Correios aprovou neste sábado a contratação de um empréstimo de R$ 20 bilhões, após analisar propostas apresentadas por bancos e o atual cenário financeiro da estatal.
A medida foi motivada pela necessidade de garantir liquidez no curto prazo, regularizar pagamentos pendentes e viabilizar o início da reestruturação da empresa. Para ser efetivada, a operação ainda precisa do aval do Tesouro Nacional, já que contará com a garantia da União junto às instituições financeiras.
Segundo nota oficial dos Correios, detalhes sobre a operação de crédito só serão divulgados após avaliação e liberação pelos órgãos supervisores. A informação sobre a aprovação foi inicialmente publicada pelo jornal "Folha de S.Paulo" e confirmada pelo GLOBO com fontes da empresa.
O financiamento aprovado foi estruturado por um sindicato formado por Banco do Brasil, Citibank, BTG Pactual, ABC Brasil e Safra, tendo o Tesouro Nacional como garantidor em caso de inadimplência.
A taxa de juros proposta ficou levemente abaixo da oferta inicial — de 136% do CDI —, mas ainda próxima desse índice. Os bancos também flexibilizaram algumas exigências extras consideradas atípicas para operações com garantia soberana, como lucro mínimo e recebíveis futuros.
O Comitê de Garantias do Tesouro utiliza 120% do CDI como referência para operações elegíveis à garantia da União. Embora não seja um limite obrigatório, esse percentual serve de parâmetro para evitar custos elevados. A diretoria dos Correios buscou se aproximar desse teto e, por isso, ampliou o número de instituições consultadas antes de levar o tema ao conselho.
Tentativa de reduzir o custo não avançou
Como revelou O GLOBO, os Correios receberam uma segunda proposta, mas o custo permaneceu praticamente igual ao da oferta inicial. BTG Pactual, Citibank, ABC Brasil e Banco do Brasil mantiveram o interesse na operação, mas sem reduzir a taxa de juros. A estatal pretendia captar até R$ 20 bilhões com juro máximo de 120% do CDI, mas não houve avanço nas negociações.
Diante desse cenário, o conselho aprovou o pacote final apresentado pelo grupo de cinco bancos.
A decisão foi tomada após a divulgação do balanço do terceiro trimestre, que apontou prejuízo acumulado de R$ 6 bilhões em 2025, contra R$ 2,1 bilhões no mesmo período de 2024. Entre julho e setembro, o déficit somou R$ 1,69 bilhão.
Em documento interno, a estatal relata queda nas receitas, aumento das despesas operacionais, maior pressão de passivos judiciais e trabalhistas, além de custos associados à inflação acumulada e reajustes salariais. O fluxo de caixa está negativo em cerca de R$ 750 milhões mensais. Projeções internas indicam que, sem mudanças estruturais, o déficit pode alcançar R$ 10 bilhões em 2025 e R$ 23 bilhões em 2026.
Esses números embasaram a decisão do conselho de autorizar a contratação do crédito.
Ao assumir a presidência da estatal em setembro, Emmanoel Rondon afirmou que o financiamento de R$ 20 bilhões seria essencial para estabilizar a operação, retomar pagamentos, recompor o caixa e implementar o plano de reestruturação.
De acordo com comunicado interno, a partir de 2026 a empresa pretende adotar medidas de redução de despesas, modernização de sistemas, reorganização de unidades com baixa eficiência, automação logística e revisão do passivo do Postal Saúde.
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