Finanças

IBGE: Expectativa de vida dos brasileiros sobe para 76,6 anos

Número é o maior da série histórica, mas está abaixo dos países da OCDE. Mortalidade infantil também diminui, apesar de não recuperar cenário pré-pandemia

Agência O Globo - 28/11/2025
IBGE: Expectativa de vida dos brasileiros sobe para 76,6 anos
IBGE - Foto: Reprodução / Agência Brasil

A expectativa de vida da população brasileira chegou aos 76,6 anos em 2024 e manteve a tendência de alta mesmo após o período da pandemia, quando o número caiu para 72,8 anos em 2021. É o que mostram dados do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) divulgados nesta sexta-feira (dia 28). Os números demonstram uma linha crescente, já que, na última publicação, referente ao ano de 2023, a expectativa era de 76,4 anos — em 1940, primeiro ano com registros do indicador, a média do tempo de vida da população era de 45,5 anos. Apesar de ser o maior da série histórica, o número está abaixo dos países membros da Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Econômico (OCDE).

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Em outros países, a maior expectativa de vida para ambos os sexos, em 2024, pertencia a Mônaco, com 86,5 anos. Em seguida vem San Marino (85,8), Hong Kong (85,6), Japão (84,9) e Coreia do Sul (84,4). A média mundial é de 73,4 anos, segundo a Organização das Nações Unidas (ONU).

Doutor em demografia, José Eustáquio Diniz afirma que o crescimento da expectativa de vida após a pandemia é uma "boa notícia". Ele destaca que há uma desaceleração cada vez maior ao longo das décadas, normal quando se aproxima dos 80 anos. Entre 2000 e 2010, o avanço foi de 3,3, enquanto entre 2019 (pré-pandemia) e 2024 o aumento foi de somente 0,4.

— Essa desaceleração mostra que está ficando difícil para o Brasil chegar no nível dos países desenvolvidos. Supondo que dê 0,8 na década, demoraria mais três ou quatro décadas para chegar aos 80 anos de expectativa de vida. Isso demonstra uma certa deficiência do país em melhorar as condições de vida da população — pondera.

Entre as mulheres, a longevidade subiu para os 79,9 anos, aumento de 0,2 em relação ao ano de 2023. Já para os homens, a expectativa foi para 73,3 anos em 2024, contra 73,1 anos na publicação anterior.

A diferença de expectativa de vida entre gêneros pode ser explicada pelos padrões de comportamento. Enquanto mulheres procuram maior atendimento médico e cuidam mais da saúde, homens tendem a se expor a mais riscos, sendo a maior parte das vítimas de acidentes de trânsito e mortes violentas, aponta o IBGE.

— A desigualdade de gênero é muito grande, em outros países essa diferença é menor. Se a gente diminuísse as mortes violentas entre os homens, puxaria a média geral para cima. Essa sobremortalidade acontece entre os jovens, pardos, negros e da periferia. É um problema de gênero, classe e raça — avalia Diniz.

Mortalidade infantil

A taxa de mortalidade infantil no Brasil — número de óbitos de bebês com menos de 1 ano de idade a cada mil nascimentos — caiu para 12,3 em 2024. Em 1940, o número era 146,6, enquanto em 2000 era de 28,1. Em 2023, a taxa era de 12,5.

O indicador ainda não retornou ao menor patamar pré-pandemia (12,1 em 2019 e 11,4 em 2020). O mesmo vale para a mortalidade de crianças entre 1 e 4 anos de idade: 2 em 2019 e 1,6 em 2020, contra 2,2 registrado em 2024.

De acordo com o IBGE, a queda da mortalidade das crianças do Brasil, de modo geral, está associada às campanhas de vacinação em massa, atenção ao pré-natal, aleitamento materno, ação dos agentes comunitários de saúde e aos programas de nutrição infantil.

"Também contribuíram para a diminuição desse fatídico indicador os aumentos da renda, da escolaridade e do número de domicílios do país com acesso a serviços de saneamento adequado. A diminuição dos níveis de mortalidade, por sua vez, vem contribuindo para elevar a expectativa de vida dos brasileiros ao longo dos anos", explica o instituto.

Expectativa por idade

Em 1940, um indivíduo que chegasse aos 60 anos de idade viveria, em média, mais 13,2 anos, sendo mais 11,6 anos para os homens e mais 14,5 anos para as mulheres. Já em 2024, o número sobe para 22,6 anos, sendo mais 20,8 anos para homens e mais 24,2 anos para as mulheres.

Aos brasileiros que chegam aos 70 anos de idade, a expectativa é que vivam mais 15,2 anos (16,3 entre as mulheres e 14 para os homens). Já aos 75, o indicador é de 11,9 anos para ambos os sexos, caindo para 9 anos entre os idosos com mais de 80 anos de idade.

Em comparação com 1940, a cada mil pessoas que atingiam os 60 anos de idade, somente 213 chegariam os 80 anos. Já em 2024, em um grupo do mesmo tamanho, 623 completariam os 80 anos.

Como é em outros países?

Conforme dados da ONU e do Banco Mundial, a expectativa de vida dos países membros da Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Econômico (OCDE) é de 80,8 anos em média. O Brasil, portanto, está abaixo. Na América do Sul, o índice é de 76,4.

No continente sul-americano, Chile (81,4), Uruguai (78,3), Colômbia (77,9), Peru (77,9), Equador (77,6) e Argentina (77,5) possuem indicadores maiores que os do Brasil. O menor pertence à Bolívia, com 68,7.

Já nas Américas como um todo, a expectativa de vida é de 77,4 anos. O destaque ao Norte fica para Canadá (82,7) e Estados Unidos (79,5). Na América Central, Costa Rica tem 81 anos de expectativa de vida, e o Panamá tem 79,8. O México tem o indicador de 75,3 anos.

Veja ranking da América do Sul:

Chile —81,4

Uruguai — 78,3

Colômbia — 77,9

Peru — 77,9

Equador — 77,6

Argentina — 77,5

Brasil — 76,6

Paraguai — 74

Suriname — 73,8

Venezuela — 72,9

Guiana — 70,3

Bolívia — 68,7

Veja top-10 mundial:

Mônaco — 86,5

San Marino — 85,8

Hong Kong — 85,6

Japão — 84,9

Coreia do Sul e São Bartolomeu (território francês) — 84,4

Polinésia Francesa e Andorra — 84,2

Suíça e Austrália — 84,1

Itália e Singapura — 83,9

Espanha e Liechtenstein — 83,8

Ilha da Reunião (território francês) — 83,7