Finanças

Petrobras reduz investimentos em plano de negócios

Estatal vai priorizar projetos mais rentáveis diante da expectativa de que petróleo permaneça na casa dos US$ 60 nos próximos anos

Agência O Globo - 28/11/2025
Petrobras reduz investimentos em plano de negócios
- Foto: Reprodução

A Petrobras anunciou, na noite desta quinta-feira (dia 27), que vai investir US$ 109 bilhões (ou R$ 583,1 bilhões com base no câmbio de R$ 5,35) no período de 2026 a 2030 em seu novo Plano de Negócios. O valor representa uma redução de quase 2% em relação ao programa de US$ 111 bilhões (R$ 593,85 bilhões) para os anos de 2025 a 2029.

A queda já era esperada pelo mercado. Dos US$ 109 bilhões previstos para os próximos cinco anos, US$ 91 bilhões (R$ 486,8 bilhões) correspondem a projetos já programados para implantação, enquanto US$ 18 bilhões (R$ 96,3 bilhões) estão na chamada carteira de avaliação. Ou seja, sem data definida para entrar em operação.

A redução dos investimentos nos próximos anos ocorre, segundo analistas de mercado e a própria Petrobras, devido à perspectiva de preços mais baixos do petróleo. Hoje, o barril gira em torno de US$ 60 e a expectativa é de que permaneça nesse patamar ao longo do próximo ano. No plano anterior, a previsão era que o barril do petróleo estivesse neste ano em US$ 83.

Menos dividendos

Agora, a Petrobras espera um preço do petróleo de US$ 63 por barril para o ano que vem, e, de 2027 a 2030, projeta um petróleo a US$ 70 por barril. Além disso, a Petrobras manteve o limite de dívida bruta em US$ 75 bilhões, mas prevê dividendos entre US$ 45 bilhões e US$ 50 bilhões entre 2026 e 2030. É uma faixa menor que o plano anterior, que previa até US$55 bilhões.

A cotação mais baixa afeta diretamente a viabilidade dos projetos de petróleo, que se tornam menos rentáveis quando o preço do barril cai. Diante desse cenário, o novo plano de negócios da estatal concentra esforços em áreas de maior produtividade e rentabilidade e elevado corte de custos.

Por isso, disse que prevê economia de US$ 12 bilhões nos gastos operacionais entre 2025 e 2030. Isso representa uma redução média anual de 8,5% em relação ao plano anterior. Entre as iniciativas, disse a estatal em nota, estão a redução dos gastos em plataformas sem produção, a otimização da logística aérea e marítima, além da otimização das intervenções em poços e especiais submarinas, com aproveitamento de frete de retorno.

Aprovação não foi unânime no conselho

O valor foi aprovado na tarde desta quinta-feira pelo Conselho de Administração da estatal. Segundo fontes, o aval não foi unânime. Um dos membros do colegiado que representa os minoritários votou contra. O novo plano de negócios da Petrobras funciona como um termômetro para toda a indústria do petróleo, incluindo fornecedores de equipamentos e serviços.

Em comunicado, a Petrobras disse que busca ser uma empresa diversificada e integrada de energia na geração de valor, conciliando o foco em óleo e gás com a diversificação em negócios de baixo carbono. Cita produtos petroquímicos, fertilizantes e biocombustíveis.

A estatal disse ainda que, nesse plano, introduziu um novo mecanismo para os projetos que estão incluídos na carteira em implantação, com duas classificações.

Uma delas se chama "Carteira de Implantação Base", que soma US$ 81 bilhões e engloba projetos cujo orçamento foi aprovado no plano, mas que ainda não foram sancionados. Ou seja, são investimentos que ainda terão seu mérito econômico avaliado.

tem ainda a "Carteira de Implantação Alvo", cujos US$ 10 bilhões adicionais estão dependentes da confirmação do orçamento e da análise de financiabilidade.

Foco segue em E&P

Dos US$ 109 bilhões, a área de Exploração e Produção responde pela maior parte dos investimentos, somando US$ 78 bilhões. A área de Refino, Transporte e Comercialização vem em seguida, com US$ 20 bilhões. Depois aparecem Gás e Energia de Baixo Carbono, com US$ 9 bilhões, e, por fim, o segmento Corporativo, com US$ 2 bilhões.

Foco em campos do pré-sal

Segundo a Petrobras, "o foco em óleo e gás continua como principal prioridade, sendo a estratégia de dupla resiliência - baixo custo e baixa emissão – fundamental para conciliar a liderança na transição energética justa com a segurança energética e o desenvolvimento sustentável do país".

Nos investimentos previstos para a área de Exploração e Produção, a Petrobras informou que 62% dos projetos que estão na carteira de implantação serão destinados ao pré-sal, outros 24% aos campos do pós-sal e 10% estão alocados em exploração.

A companhia destacou ainda que fará uma melhor gestão dos reservatórios, vai perfurar novos poços complementares com a entrada de novos sistemas de produção e que os projetos continuam se destacando pela resiliência.

Apesar da queda no preço do petróleo neste ano, a estatal disse que os projetos compõem um portfólio viável em cenários de baixo preço do petróleo a longo prazo, com um preço de equilíbrio médio de US$ 25 por barril.

Oito novas plataformas

A Petrobras informou que prevê oito novas plataformas até 2030, sendo que sete já estão contratadas. A estatal revelou ainda que há outros dez projetos que serão implantados após 2030.

A empresa afirmou também que prevê produzir, neste ano, 2,3 milhões de barris de petróleo por dia, abaixo da meta de 2,4 milhões de barris por dia.

A Petrobras informou ainda que o novo plano prevê que o pico de produção de óleo chegará a 2,7 milhões de barris por dia em 2028.

Para enfrentar os desafios de reposição de reservas, a estatal vai investir US$ 7,1 bilhões para atividades exploratórias, com destaque para as bacias do Sul e Sudeste, Margem Equatorial e ativos exploratórios em outros países como Colômbia, São Tomé e Príncipe e África do Sul.

Renováveis só com parcerias

Na área de refino, a estatal prevê aumentar a capacidade instalada de 1,8 milhão de barris por dia para 2,1 milhões de barris por dia até 2030.

A Petrobras disse que a estratégia é aumentar a produção de produtos de alto valor agregado, como o diesel, cuja participação deve passar de 40% para 45% do total, com redução do teor de enxofre.

Na área de fertilizantes, a Petrobras disse que o principal projeto é concluir a Unidade de Fertilizantes Nitrogenados 3, em Três Lagoas, no Mato Grosso do Sul, cujas obras estão paradas desde o escândalo da Lava-Jato, na década passada.

A Petrobras disse que pretende investir US$ 4 bilhões no segmento de gás e energias de baixo carbono, com foco em gás natural, e que prevê a instalação de usinas termelétricas no Comperj, em Itaboraí, no Rio de Janeiro.

Na área de baixo carbono, estatal disse que serão priorizados projetos de etanol, biodiesel, biometano e diesel com componente renovável, além de combustível marítimo renovável.

Por outro lado, disse que continuará buscando parcerias para projetos de energia solar e eólica, com o objetivo “de capturar oportunidades comerciais e ampliar sua capacidade de autogeração de energia renovável.”