Finanças
Haddad minimiza crise entre Planalto e presidentes de Câmara e Senado: 'Estremecimento momentâneo'
Motta e Alcolumbre se ausentam de evento que marcou a oficialização da isenção do IR nesta quarta-feira
O ministro da Fazenda, Fernando Haddad, afirmou nesta quarta-feira que não enxerga um rompimento entre o Palácio do Planalto e os presidentes da Câmara, Hugo Motta (Republicanos-PB), e do Senado, Davi Alcolumbre (União-AP). Segundo Haddad, o clima de tensão dos últimos dias representa apenas um “estremecimento momentâneo”.
— Se você recuperar o passado recente, desde o começo do governo, às vezes há um estremecimento momentâneo em virtude de alguma disputa, alguma expectativa frustrada. O que é natural. Mas eu tenho confiança de que isso passa — afirmou o ministro em entrevista à GloboNews, ao ser questionado sobre a ausência das lideranças no evento que oficializou a isenção do Imposto de Renda.
A ausência de Motta e Alcolumbre reforçou a percepção de desgaste entre os Poderes. Para o chefe da Fazenda, no entanto, o episódio “não tem razão de ser”.
A atual crise resulta de um acúmulo de tensões que, pela primeira vez, se manifestaram de maneira coordenada na Câmara e no Senado.
Na Câmara
O ponto de ruptura ocorreu a partir do desgaste entre Hugo Motta e o líder do PT, Lindbergh Farias (RJ). A relação já estava fragilizada desde a tramitação da PEC da Blindagem e piorou após Motta escolher o deputado Guilherme Derrite (PL-SP), opositor do governo, para relatar o projeto antifacção.
A fuga de Alexandre Ramagem (PL-RJ) para os Estados Unidos agravou ainda mais o cenário. Petistas acusaram Motta de leniência no episódio envolvendo o parlamentar condenado por participação em trama golpista, o que acentuou o distanciamento entre as bancadas. Integrantes do PT chegaram a pedir desculpas a Motta, mas o mal-estar se consolidou.
Outro fator relevante foi a retirada de pauta da MP alternativa ao aumento do IOF, justamente no dia da caducidade, reforçando a percepção de que Motta não mobilizaria a base para matérias estratégicas do governo.
Com a escalada das tensões, Motta passou a indicar a interlocutores que não pretende tratar do assunto com a ministra das Relações Institucionais, Gleisi Hoffmann. O distanciamento chama atenção porque, historicamente, ambos mantinham uma relação considerada boa — diferente do que ocorria entre Arthur Lira (PP-AL) e o então articulador político, Alexandre Padilha.
No Senado
No Senado, o desconforto envolve a indicação de Jorge Messias para o Supremo Tribunal Federal, na vaga deixada por Luís Roberto Barroso. A decisão contrariou o presidente da Casa e levou ao rompimento com o líder do governo, Jaques Wagner (PT-BA). Haddad ressaltou que o processo está “dentro dos conformes” e segue as regras previstas na Constituição.
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