Finanças
Cônsul dos EUA fala em “era de ouro” com o Brasil e convoca empresas a investir no mercado americano
Kevin Murakami destaca avanços no diálogo bilateral, mas reconhece desafios a superar
O cônsul-geral dos Estados Unidos em São Paulo, Kevin Murakami, afirmou nesta terça-feira que a relação bilateral entre Washington e Brasília, apesar das recentes tensões, voltou a seguir “em uma direção positiva”. Ele recordou que, há dois meses, quando chegou ao Brasil, o vínculo estava “em um ponto crítico”, mas que o encontro entre os presidentes Luiz Inácio Lula da Silva e Donald Trump, realizado no mês passado na Malásia, marcou o início das negociações pelo fim do tarifaço e já trouxe algum alívio tarifário.
“Ainda temos muitas diferenças bilaterais a resolver”, reconheceu Murakami durante evento que reuniu representantes de governos e empresários brasileiros e americanos. “Mas todos aqui devem se sentir encorajados pelo fato de que nossos presidentes já se reuniram, as negociações estão começando e os EUA já ofereceram algum alívio tarifário.”
O cônsul manifestou otimismo em relação ao potencial da parceria. “Estou em São Paulo com uma tarefa primordial: apoiar o objetivo da administração Trump de inaugurar uma era de ouro entre os Estados Unidos e o Brasil.”
Recentemente, Donald Trump assinou uma ordem executiva que remove a sobretaxa de 40% sobre “determinados produtos agrícolas” importados do Brasil a partir de 13 de novembro, incluindo carne, café, frutas e petróleo. O governo brasileiro trabalha para ampliar a medida, especialmente para bens industriais.
Segundo Murakami, um número crescente de empresas brasileiras está investindo nos Estados Unidos, impulsionando inovação e expansão global. “Gostaria, em nome de todo o governo dos Estados Unidos, de fazer uma chamada para ação: que as empresas brasileiras aumentem seus investimentos nos Estados Unidos.”
O cônsul ressaltou que governadores, prefeitos, conselhos municipais e agências de desenvolvimento econômico americanas buscam ativamente parcerias e oferecem infraestrutura, energia confiável, força de trabalho qualificada e incentivos.
“Tenham a mim e à minha equipe como um canal para conectar vocês a essas oportunidades, para ajudá-los a investir e crescer nos Estados Unidos.”
Apesar dos desafios, Murakami destacou que os mais de 200 anos de relação bilateral e os valores compartilhados entre os países formam uma base sólida. Ele lembrou a expansão do comércio e do investimento na última década e citou que, em 2024, o comércio bilateral de bens e serviços superou US$ 127 bilhões, enquanto mais de 3 mil empresas americanas investiram US$ 226 bilhões no Brasil, “mais do que em qualquer outro país”.
Murakami também apontou transformações profundas na economia global e observou que nem todos os atores fora do hemisfério atuam “de acordo com regras justas”. “Em momentos como esses, surgem novas oportunidades, especialmente para economias como o Brasil e os EUA.”
No próximo dia 27 de janeiro, o cônsul receberá em São Paulo uma delegação com representantes de dez cidades e estados americanos para apresentar oportunidades de investimento a empresas brasileiras.
Esta é a segunda passagem de Murakami pelo Brasil — a primeira foi há 15 anos, no Rio de Janeiro, durante um período de grande otimismo. “Era a época da capa da Economist com o Cristo Redentor como um foguete. Mas não fomos capazes de maximizar o potencial da relação naquela época. Talvez desta vez seja diferente.”
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