Finanças
Sob críticas do governo, Galípolo afirma que Banco Central cumpre meta de inflação de 3%
Presidente do BC ressalta que projeções indicam descumprimento da meta até 2028, fim de seu mandato
Sob críticas do governo aos juros elevados, o presidente do Banco Central (BC), Gabriel Galípolo, afirmou que a instituição segue rigorosamente o comando legal de perseguir a meta de inflação, atualmente fixada em 3,0%. Essa meta é definida pelo Conselho Monetário Nacional (CMN), colegiado composto por três membros, dos quais dois são representantes do governo e um do BC. Atualmente, a taxa Selic está em 15% ao ano, o maior patamar desde julho de 2006.
— O BC, especialmente este, que tem um apreço insuperável pelas instituições republicanas e democráticas, entende que seu poder e autonomia existem para seguir comandos legais, daqueles que receberam voto. A determinação legal que recebi é que a meta é 3,0%. E o instrumento que me foi conferido é a taxa de juros, usar a taxa de juros para perseguir a meta de inflação — afirmou Galípolo.
— Isso, de maneira nenhuma, entra em conflito com outros tipos de declarações que possam dizer: 'Mas o BC e o Brasil sustentam taxas de juros mais elevadas que seus pares'. É verdade. Mas o comando legal não foi: 'Coloque a taxa de juros na mediana dos países emergentes' — completou.
A meta de 3,0% possui um intervalo de tolerância de 1,5 ponto percentual para cima e para baixo (de 1,5% a 4,5%), de modo a absorver eventuais choques econômicos. Integrantes do governo, como o ministro da Fazenda, Fernando Haddad, argumentam que não é possível manter uma taxa de juros de 15% com a inflação em 4,5%.
— No regime de meta contínua, durante todo o período a inflação tem que estar dentro da meta. Em 11 meses deste ano, em nenhum mês eu cumpri a meta. Descumpri a meta falando da banda superior. Mas vamos lembrar sempre que a meta não é a banda superior — destacou Galípolo.
Ele frisou que a banda foi criada para amortecer variações conjunturais da economia.
— Mas de maneira nenhuma quem criou o comando legal me falou que a meta era 4,5%. Se a meta fosse 4,5%, a banda seria de 3,0% a 6,0%. Não, a meta é 3,0% — reforçou.
O presidente do BC ainda ressaltou que as projeções apontam para o descumprimento da meta durante todo o seu mandato, que vai até 2028. Ele citou estimativas do Boletim Focus, que reúne projeções do mercado financeiro, e da pesquisa Firmus, baseada em previsões de empresas do setor produtivo.
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