Finanças
Correios recebem propostas de empréstimo; bancos têm até hoje para apresentar condições
Estatal busca ao menos R$ 10 bilhões para reequilibrar contas e evitar prejuízo bilionário
Encerra-se nesta terça-feira (25) o prazo para que cerca de dez bancos apresentem propostas de empréstimo aos Correios, em meio à segunda rodada de negociações para uma operação de crédito. A estatal busca obter, no mínimo, R$ 10 bilhões no curto prazo, mas espera receber ofertas que possam chegar a R$ 20 bilhões.
Na primeira rodada, a taxa de juros proposta pelos bancos foi considerada elevada pelos Correios, apesar do aval da União. Normalmente, operações desse tipo tomam como referência uma taxa de até 120% do CDI, mas as instituições financeiras sugeriram 136% do CDI. Entre os participantes estiveram BTG Pactual, Citibank, ABC Brasil e Banco do Brasil.
Para ampliar o número de bancos interessados e tentar reduzir os custos, os Correios diminuíram a meta financeira na segunda tentativa. O objetivo imediato é captar ao menos R$ 10 bilhões, valor que permitiria reequilibrar as contas, quitar dívidas em atraso e implementar um plano de reestruturação para garantir a sustentabilidade da empresa no médio e longo prazo.
Sem um plano de recuperação, o prejuízo dos Correios pode alcançar R$ 23 bilhões em 2026, segundo estimativas internas. Para este ano, a projeção é de um déficit de R$ 10 bilhões. O cenário é agravado pela queda nas receitas, aumento dos custos e perda de participação no mercado de encomendas, que caiu de 51% para 25%. Com a execução do plano, a expectativa é reduzir o déficit em 2026 e retomar a lucratividade em 2027.
A situação financeira da estatal preocupa a equipe econômica do governo. Nesta segunda-feira, o secretário-executivo do Ministério da Fazenda, Dario Durigan, afirmou que os problemas da empresa são graves e alertou para o risco de um impacto ainda maior nas contas públicas no próximo ano.
No primeiro semestre, os Correios registraram prejuízo de R$ 4,3 bilhões e vêm acumulando um fluxo de caixa negativo de R$ 750 milhões mensais. A projeção para o resultado primário da empresa piorou, passando de déficit de R$ 2,4 bilhões para um rombo de R$ 5,8 bilhões.
O impacto da reestruturação dos Correios também elevou a estimativa de déficit das estatais federais para fins de meta fiscal. O valor passou de R$ 5,5 bilhões, conforme relatório de setembro, para R$ 9,2 bilhões, superando a meta de rombo de R$ 6,2 bilhões para 2025. Com isso, foi necessária uma compensação de R$ 3 bilhões no Orçamento da União.
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