Finanças

Número 2 de Haddad alerta para risco fiscal dos Correios em 2026

Empresa acumula prejuízo de R$ 4,3 bilhões no semestre e fluxo de caixa negativo de R$ 750 milhões ao mês

Agência O Globo - 24/11/2025
Número 2 de Haddad alerta para risco fiscal dos Correios em 2026
Dario Durigan - Foto: Reprodução / Internet

O secretário-executivo do Ministério da Fazenda, Dario Durigan, afirmou nesta segunda-feira que a situação financeira dos Correios pode se tornar um problema ainda mais grave para as contas públicas em 2026. Segundo Durigan, que é o principal auxiliar do ministro Fernando Haddad, os desafios enfrentados pela estatal são sérios e de natureza estrutural.

“Os problemas são graves e estruturais. Podemos precisar de compensações orçamentárias ainda maiores do que as já realizadas neste ano para cobrir o déficit das estatais”, destacou o secretário.

Os Correios registraram um prejuízo de R$ 4,3 bilhões no primeiro semestre de 2024 e vêm apresentando um fluxo negativo de caixa de R$ 750 milhões por mês. A projeção do resultado primário da empresa também piorou: passou de um déficit de R$ 2,4 bilhões para um rombo estimado em R$ 5,8 bilhões.

O impacto da reprogramação dos Correios fez com que a previsão de déficit das estatais federais para fins de meta fiscal saltasse de R$ 5,5 bilhões, conforme relatório de setembro, para R$ 9,2 bilhões — valor superior à meta estabelecida, que é de um déficit de R$ 6,2 bilhões em 2025.

“Temos essa previsão para 2025. A empresa, de fato, enfrenta problemas graves e estruturais, e isso pode trazer um impacto fiscal ainda maior em 2026”, alertou Durigan.

De acordo com o secretário, será necessário utilizar, no próximo ano, os resultados de outras estatais e recursos do orçamento fiscal e da seguridade social para apoiar os Correios.

“Existe o risco de que esse valor seja ainda maior do que o necessário neste ano”, ponderou, ressaltando que os números ainda não estão fechados.

Durigan esclareceu que, neste momento, não está em discussão um aporte direto nos Correios, mas sim a possibilidade de um empréstimo com aval da União, condicionado à apresentação de um plano de reestruturação consistente por parte da empresa.

O secretário informou que solicitou ao presidente dos Correios, Emmanoel Rondon, a elaboração de um plano de reestruturação “ousado e cuidadoso”, capaz de garantir a sustentabilidade financeira da estatal.

“É um ponto que tem me incomodado. O resultado é muito ruim e causa impacto negativo neste relatório. Não fosse pelos Correios, poderíamos estar em um cenário um pouco melhor, mas precisamos lidar com a realidade que se apresenta”, concluiu Durigan.