O Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) identificou 87.362 localidades no Brasil, segundo dados do Censo Demográfico 2022. O número representa um salto expressivo em relação à edição anterior, realizada em 2010, quando haviam 21.866 localidades mapeadas — um aumento de 65.476 registros.

O mapeamento detalhado dessas áreas é fundamental para subsidiar pesquisas estatísticas e políticas públicas. Na atualização mais recente, o IBGE organizou o território brasileiro em diversas categorias: cidades, vilas, núcleos urbanos, povoados, lugarejos, núcleos rurais, localidades indígenas, localidades quilombolas, agrovilas de projetos de assentamento e outras localidades.

Entre as principais novidades desta edição estão a criação da categoria “Outras Localidades”, que reúne 38.782 pequenos assentamentos com 10 a 49 domicílios — agrupamentos que, apesar de não alcançarem o tamanho mínimo para formar um setor censitário próprio, passam a ser individualizados no mapa — e a inclusão da categoria “Localidades Quilombolas”, viabilizada por uma investigação inédita sobre pertencimento étnico quilombola em 25 unidades da federação.

No caso das “Outras Localidades”, a categoria funciona como uma “lupa” sobre uma multiplicidade de pequenos assentamentos com nome próprio e funções sociais relevantes, como oferta de serviços, espaços de sociabilidade, moradia e referência identitária. Por serem muito pequenos, esses agrupamentos não eram individualizados em setores censitários específicos, mas agora passam a ser reconhecidos no mapeamento oficial.

De acordo com o IBGE, todas as categorias de localidades apresentaram aumento no número de registros. “O avanço não significa necessariamente que novas áreas surgiram, mas que a capacidade de identificação foi ampliada”, explicou Roberto Tavares, coordenador de Estruturas Territoriais da Diretoria de Geociências do instituto.

Para acessar os mapas, é necessário entrar na plataforma do IBGE e baixar os arquivos, que podem ser visualizados em programas específicos de cartografia. O usuário pode consultar informações como categoria, nome, coordenadas geográficas e subordinação político-administrativa de qualquer ponto do país. A plataforma também permite o download dos arquivos vetoriais das localidades em diferentes formatos.

Segundo Roberto, uma das demandas mais frequentes recebidas pelo canal de atendimento do IBGE envolvia a busca pela origem natal de pessoas. Apenas com o nome da localidade, nem sempre era possível identificar com precisão o local de registro ou nascimento. Agora, com a nova ferramenta de busca, qualquer usuário pode consultar diretamente a base de localidades e localizar o ponto desejado a partir do nome.

O especialista destaca ainda que o mapeamento não altera limites oficiais nem a organização dos estados e municípios. “Podem existir localidades inseridas integralmente ou parcialmente de forma isolada ou dispersa no território de estados e municípios vizinhos. Não é atribuição da instituição a responsabilidade sobre a delimitação de localidades”, esclarece.