Finanças
Presidente do Banco Central destaca a necessidade de aprendizado diante da falibilidade dos bancos
Sem mencionar diretamente a liquidação do Banco Master, Gabriel Galípolo ressalta que o BC enfrentou desafios além da política monetária em 2024
O presidente do Banco Central (BC), Gabriel Galípolo, afirmou nesta segunda-feira que a autoridade monetária enfrentou, ao longo deste ano, desafios que vão além da política monetária, especialmente relacionados à segurança, e que conseguiu responder de maneira ágil a essas situações. Galípolo reconheceu que bancos são instituições falíveis e defendeu a importância de aprender com as experiências passadas para evitar a repetição de problemas.
“O papel do BC é estritamente técnico, com transparência, para que a população compreenda o que está sendo feito”, afirmou Galípolo durante almoço promovido pela Federação Brasileira de Bancos (Febraban), realizado no Hotel Unique, em São Paulo, que reuniu cerca de 400 pessoas, entre CEOs e principais lideranças do setor bancário nacional.
Sem citar diretamente a recente liquidação do Banco Master, tema recorrente nas conversas do evento, Galípolo agradeceu à Polícia Federal e ao Conselho de Controle de Atividades Financeiras (Coaf) — unidade de inteligência financeira responsável por analisar e combater a lavagem de dinheiro. Segundo ele, o BC atuou em parceria com essas instituições para discutir medidas assertivas, priorizando a efetividade das ações em detrimento da exposição midiática.
Na última semana, após investigações da Polícia Federal e do próprio Banco Central, o banqueiro Daniel Vorcaro, proprietário do Banco Master, foi preso sob suspeita de fraudes envolvendo carteiras de crédito negociadas com o Banco de Brasília (BRB), que havia apresentado proposta de compra do Master em março deste ano.
Galípolo reforçou que a falibilidade dos bancos não é exclusividade do Brasil, citando exemplos nos Estados Unidos e na Suíça, e destacou a necessidade de aprender com essas situações. Ele enfatizou que a supervisão do BC sobre o sistema financeiro — abrangendo bancos e fintechs — é um processo contínuo e nunca está totalmente concluído. A Operação Carbono Oculto, conduzida pelo Ministério Público e Polícia Federal, revelou o uso de fintechs na lavagem de dinheiro do crime organizado.
“A supervisão nunca está completa, por isso quero agradecer à Polícia Federal, ao Ministério Público, ao Judiciário e à diretoria de fiscalização do BC. É gratificante ver as instituições funcionando como devem”, ressaltou Galípolo.
O presidente do BC também abordou o debate sobre o excesso de regulação no setor bancário após a crise de 2008, mencionando que, em alguns países, a liquidez migrou para outras instituições, como as fintechs, devido ao rigor regulatório.
O presidente da Febraban, Isaac Sidney, elogiou o trabalho de depuração realizado pelo Banco Central e afirmou que “é preciso enxergar, pelas lentes do regulador, quem está ou não dentro do que a legislação exige”.
Galípolo afirmou ainda que não se incomoda com críticas relacionadas à política de juros, inclusive as vindas de setores do próprio governo, destacando que o presidente do BC é, por definição, “o primeiro dos pessimistas e o último dos otimistas”. Ele ponderou, contudo, que as críticas são bem-vindas e contribuem para o aprimoramento da instituição.
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