Finanças
Banco Master: dois alvos de operação da Polícia Federal são soltos
Suspeitos ligados a empresas investigadas deixam a prisão; dono do banco e outros executivos seguem detidos na Superintendência da PF em São Paulo
Dois suspeitos presos pela Polícia Federal na operação que apura um suposto esquema fraudulento envolvendo o Banco Master foram soltos na noite de quinta-feira (20). Eles deixaram a sede da Superintendência da PF em São Paulo.
As prisões eram temporárias, com validade de três dias, e não foram renovadas, conforme informações do G1 confirmadas pela defesa dos investigados.
André Felipe de Oliveira Seixas Maia, diretor de uma empresa suspeita de participação no esquema, e Henrique Souza Silva Peretto, sócio de outra empresa investigada, foram os que obtiveram a liberdade. Ambos deixaram a Superintendência carregando travesseiros e tentando cobrir os rostos.
Outros cinco presos na operação, batizada de Compliance Zero, são executivos do banco e permanecem detidos porque as prisões deles são preventivas.
Prisão do dono do banco
A prisão de Daniel Vorcaro, proprietário do Banco Master, foi mantida pela Justiça. Em decisão liminar proferida nesta quinta-feira, a desembargadora Solange Salgado da Silva, do Tribunal Regional Federal da 1ª Região, rejeitou o pedido de liberdade apresentado pela defesa do banqueiro.
O banco de Vorcaro enfrenta dificuldades financeiras há meses e foi liquidado pelo Banco Central (BC) na terça-feira (18), após uma segunda tentativa frustrada de venda da instituição. O BC já havia vetado uma transação semelhante com o BRB.
A defesa de Vorcaro ingressou com pedido de habeas corpus na segunda instância da Justiça Federal, mas a magistrada negou a liberdade em decisão provisória. O mérito do pedido ainda será analisado por uma turma de desembargadores, sem data prevista para julgamento.
“O decreto prisional aponta indícios veementes de gestão fraudulenta e organização criminosa”, destaca trecho da decisão. A desembargadora afirma que "há fortes indícios de que a organização criminosa se manteve em plena atividade, sendo a prisão necessária para cessar a continuidade delitiva".
Segundo a decisão judicial, "a complexidade do esquema, com o fornecimento de informações inverídicas e a criação de falsa narrativa ao Banco Central, são indicativos do comportamento obstrutivo e da sofisticação da fraude que, somados ao amplo poder econômico do paciente, configuram um risco atual à ordem pública e à ordem econômica".
A magistrada sustenta que a prisão está baseada em dados concretos extraídos dos autos, especialmente "na necessidade da decretação da medida para garantia da ordem pública e da ordem econômica, considerando que o paciente (Vorcaro) é apontado como um dos líderes da suposta organização criminosa voltada à prática de múltiplos crimes contra o sistema financeiro nacional, ocasionando prejuízo de bilhões de reais".
A defesa de Vorcaro argumentou que a fundamentação da prisão foi baseada em argumentos genéricos, sem demonstrar risco concreto, e que os fatos investigados não são recentes. Alegou ainda que o Banco Central afastou qualquer ameaça ao decretar a liquidação extrajudicial da instituição e que não houve tentativa de fuga, pois o empresário viajaria aos Emirados Árabes para assinar contrato de venda do Banco Master a um grupo de investidores.
Em nota, a assessoria de imprensa de Daniel Vorcaro informou que a defesa recebe com respeito a decisão de manutenção da prisão preventiva, embora entenda que não há motivos para a medida. “Continuará a pretender, à luz do devido processo legal e das garantias constitucionais, a soltura de Daniel Vorcaro”, diz o comunicado.
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