Finanças

Sindicalização de trabalhadores volta a crescer após anos de queda

Proporção de trabalhadores sindicalizados sobe de 8,4% em 2023 para 8,9% em 2024, segundo IBGE

Agência O Globo - 19/11/2025
Sindicalização de trabalhadores volta a crescer após anos de queda
- Foto: Reprodução/internet

O total de trabalhadores associados a sindicatos registrou crescimento em 2024, alcançando 9,1 milhões de pessoas, o que representa 8,9% da população ocupada. Esse avanço interrompe uma trajetória de queda iniciada em 2012, quando a sindicalização atingia 16,1% dos trabalhadores, e que culminou no menor patamar da série histórica em 2023.

No ano passado, o percentual era de 8,4% (8,3 milhões de pessoas). Entre 2023 e 2024, mais 812 mil pessoas passaram a integrar sindicatos. Os dados são da Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios Contínua (Pnad Contínua), divulgada nesta quarta-feira pelo IBGE.

Fatores para a queda na última década

De acordo com William Kratochwill, gerente da pesquisa, a redução expressiva da sindicalização na última década pode ser explicada por fatores como o desinteresse de jovens e a percepção de que os sindicatos não estariam atendendo às demandas dos trabalhadores. Segundo ele, o índice chegou a um nível tão baixo que a população voltou a perceber a importância da organização coletiva.

“É uma queda que vem acontecendo há muitos anos, e naturalmente chegou a um número muito baixo, de forma que talvez as pessoas estejam começando a verificar novamente a necessidade de se organizar e de lutar pelos direitos dos trabalhadores. Isso se dá pelo sindicato”, afirma Kratochwill.

Ele ressalta que a queda já vinha ocorrendo, mas se intensificou em 2017, após a aprovação da Reforma Trabalhista. “Não foi perguntado na pesquisa se tinha relação, mas sabemos que houve mudança na legislação sobre a contribuição sindical e, naturalmente, isso pode ter causado essa forte queda.”

Perfil dos sindicalizados

A taxa de sindicalização é ligeiramente maior entre homens (9,1%) do que entre mulheres (8,7%), com crescimento em ambos os grupos em 2024. Entre os associados, predominam trabalhadores com ensino médio completo (37,5%) e superior completo (37,2%). A sindicalização diminui conforme o nível de escolaridade é menor, mas todos os segmentos registraram aumento entre 2023 e 2024.

Setores e categorias

Entre os setores, indústria, agricultura e administração pública seguem com as maiores taxas de sindicalização, embora indústria e agricultura tenham perdido participação desde 2012. Na agricultura e pecuária, a taxa recuou de 15% em 2023 para 14,8% em 2024 — bem abaixo dos 22,8% registrados em 2012.

Na indústria geral, houve aumento: de 10,3% para 11,4% no último ano, embora o percentual ainda seja quase metade do observado em 2012 (21,3%). A administração pública mantém a maior taxa de sindicalizados, subindo de 14,4% para 15,5% entre 2023 e 2024. Doze anos atrás, o setor já liderava, com 24,5%.

Considerando a categoria do emprego principal, a sindicalização é mais alta entre empregados do setor público (18,9%) e menor entre trabalhadores domésticos (2,6%).