Finanças

Presidente do BRB afirma que banco identificou divergências documentais em operações do Master e comunicou ao BC

Executivo está afastado do cargo por 60 dias por decisão da Justiça

Agência O Globo - 19/11/2025
Presidente do BRB afirma que banco identificou divergências documentais em operações do Master e comunicou ao BC
- Foto: Paulo H. Carvalho/Agencia Brasilia

Afastado da presidência do Banco de Brasília (BRB) por decisão judicial, Paulo Henrique Costa declarou nesta terça-feira que a instituição identificou “divergências documentais em partes das operações” do Banco Master. Segundo o executivo, o fato foi comunicado ao Banco Central (BC), que já analisava a situação.

A Polícia Federal deflagrou nesta terça-feira a Operação Compliance Zero, que investiga um suposto esquema de criação e negociação de títulos de crédito falsos envolvendo o Banco Master.

Paulo Henrique Costa foi afastado do comando do BRB por 60 dias após decisão da Justiça. Em comunicado, o executivo afirmou apoiar as investigações. “Zelo pela transparência e pela legalidade em todas as minhas ações e confio que a apuração trará os devidos esclarecimentos”, declarou em nota.

O BRB comunicou o Banco Central, ainda no primeiro quadrimestre, sobre incongruências em operações do Master. “Aquisições de carteiras são operações tradicionais do mercado financeiro. No caso do Banco Master, o BRB identificou, no primeiro quadrimestre, divergências documentais em parte das operações, comunicou o fato ao Banco Central do Brasil e promoveu, em sua grande maioria, a substituição dessas carteiras”, afirmou Paulo Henrique Costa.

Em março, o BRB anunciou a compra do Master, operação que acabou vetada pelo BC. Posteriormente, a autoridade monetária determinou a liquidação do banco, então comandado por Daniel Vorcaro.

A investigação da PF, que levou à prisão de Vorcaro, aponta indícios de uma operação financeira de R$ 12,2 bilhões, supostamente arquitetada por “pura camaradagem”, como tentativa de abafar a fiscalização do Banco Central.

O advogado Roberto Podval, que defende Daniel Vorcaro, classificou como “desnecessária e ilegal” a prisão decretada pela Justiça. Segundo ele, Vorcaro foi detido no aeroporto internacional de Guarulhos quando se preparava para viajar aos Emirados Árabes Unidos, onde concluiria a venda da instituição financeira para um grupo de investidores liderado pelo Grupo Fictor, anunciada ontem.

Em nota divulgada no início da noite, assessores informaram que os advogados de Vorcaro e do Banco Master colocaram-se “à disposição para cooperar com as autoridades, prover informações e participar de audiências, inclusive com a presença de Vorcaro”.

O BRB, em comunicado, destacou que “sempre atuou em conformidade com as normas de compliance e transparência, prestando regularmente informações ao Ministério Público Federal e ao Banco Central do Brasil sobre todas as operações relacionadas ao Banco Master”. O BRB é um banco público, controlado pelo governo do Distrito Federal.