Finanças
Operação entre BRB e Master ocorreu por 'camaradagem' e tentativa de abafar fiscalização, aponta investigação
Banco Central identificou inconsistências em carteiras de crédito negociadas entre as instituições
Uma investigação que levou ao afastamento do presidente do BRB e de outros dirigentes do banco, além de envolver o dono do Master, aponta indícios de que uma operação financeira foi arquitetada por “pura camaradagem” e como “tentativa de abafar a fiscalização” realizada pelo Banco Central.
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Procurado, o Master não se manifestou. Em nota, o BRB também não comentou o caso.
Em manifestação sobre o caso, o Ministério Público Federal afirma que o Master “teria adquirido carteiras de crédito” de uma empresa dirigida por um ex-funcionário “sem realizar qualquer pagamento” e, em seguida, revendeu esses ativos ao BRB, banco público, recebendo pagamento imediato. Segundo a investigação, entre janeiro e maio de 2025, foram transferidos R$ 12,2 bilhões. Entre julho de 2024 e outubro de 2025, as operações entre BRB e Master somaram R$ 16,7 bilhões, mesmo diante de ressalvas do Banco Central.
Ao justificar a operação ao Banco Central, o Master informou em 25 de março deste ano que a carteira de crédito teria origem em duas associações de servidores do estado da Bahia, supostamente criadas por um diretor do banco privado. No entanto, auditoria do Banco Central constatou que “as cessões de crédito passaram a envolver CPFs de diversas localidades do país” e que as movimentações financeiras eram incompatíveis com as organizações envolvidas.
Diante das suspeitas, o Banco Central realizou uma análise detalhada em uma amostra de 30 supostos clientes tomadores de crédito das operações cedidas pelo Master ao BRB em janeiro de 2025. A instituição verificou que não foi possível estabelecer correspondência das transações com o fluxo financeiro, o que “corrobora os indícios de insubsistência”.
O BRB, então, apresentou ao Banco Central uma nova amostra com informações de 100 contratos de crédito adquiridos do Master. Após análise, a entidade monetária reforçou a existência de “indícios de insubsistência, que sinalizam possível engenharia contábil e financeira para viabilizar a captação de recursos”.
Após questionamentos do Banco Central, a titularidade dessas operações passou a ser atribuída à empresa Tirreno, criada no final de 2024 por uma pessoa que já havia constituído outras firmas semelhantes. Com alterações no contrato social, a Tirreno ampliou seu capital para R$ 30 milhões e passou a ter como diretor um ex-funcionário do Master. As mudanças societárias, segundo a Polícia Federal, foram registradas na Junta Comercial de São Paulo em abril de 2025, após o início das operações envolvendo o BRB.
O Ministério Público Federal ressalta que o contrato inicial de parceria entre Master e Tirreno e um dos instrumentos de cessão de crédito “sequer estão autenticados em cartório”, enquanto os demais documentos da operação foram registrados formalmente apenas meses após a transação.
“Mostra-se atípico e desarrazoado que somente após a provocação do Banco Central sobre as informações, o BRB passou a exigir documentos adicionais, situação bastante suspeita para quem realizaria operação neste montante (R$ 12,2 bilhões) e que deveria se cercar de cuidados objetivos e mínimos para a viabilidade deste tipo de transação”, afirmam os investigadores.
Em nota, o BRB afirma que “reafirma seu compromisso com a ética, a responsabilidade e a integridade na condução de suas atividades”.
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