Finanças

Brasil faz menos do que o necessário para promover inclusão e representatividade, diz Galípolo

Presidente do BC destaca desafios e avanços durante Fórum Internacional de Equidade Racial Empresarial na Fiesp

Agência O Globo - 17/11/2025
Brasil faz menos do que o necessário para promover inclusão e representatividade, diz Galípolo
- Foto: Bruno Spada / Câmara dos Deputados

O presidente do Banco Central (BC), Gabriel Galípolo, afirmou nesta segunda-feira que o Brasil ainda está aquém do necessário para promover a inclusão e a representatividade. A declaração foi feita durante o Fórum Internacional de Equidade Racial Empresarial 2025, realizado na Federação das Indústrias do Estado de São Paulo (Fiesp).

Galípolo ressaltou iniciativas internas do Banco Central, como a adoção de critérios de diversidade em concursos públicos e a criação, em junho deste ano, do primeiro grupo interdepartamental dedicado à discussão de políticas de diversidade. Ele também destacou que o BC só teve seu primeiro diretor negro em 2023, o atual diretor de Fiscalização, Ailton Aquino dos Santos.

“Minha sensação é que a gente fez muito pouco. Todos nós estamos fazendo muito pouco perante aquilo que precisa ser feito para avançar na agenda de inclusão”, declarou o presidente do BC.

O economista lembrou ainda que a formação da sociedade brasileira está diretamente ligada ao processo de escravização, implementado para atender interesses econômicos da Europa. Segundo ele, entre 35% e 40% das pessoas escravizadas retiradas violentamente da África foram trazidas ao Brasil.

“O povo brasileiro não surgiu como um povo que foi, a partir dele mesmo, crescendo para satisfazer as demandas e necessidades daquele próprio povo. Ele nasce, a partir da visão da Europa, como uma extensão de um sistema econômico para atender necessidades de uma outra sociedade, enquanto sistema produtivo [...] O Brasil foi destino de 35% a 40% dos seres humanos que foram tirados em condições violentas, escravizados da África, o que significa você ter uma fatia tão grande da sua população que era vista como um fator de produção, não como gente, não como um pedaço da sua sociedade, não como ser humano”, concluiu Galípolo.