O secretário do Tesouro dos Estados Unidos, Scott Bessent, associou, sem apresentar provas, a inflação da carne bovina no país a imigrantes da América do Sul. Questionado durante entrevista sobre o aumento do preço da proteína animal em meio ao tarifaço imposto pelo governo de Donald Trump às importações, Bessent afirmou que a carestia estaria relacionada a imigrantes que trazem gado doente para os EUA.

Bessent discutiu o tema neste domingo (data não informada) durante participação no programa Sunday Morning Futures, da Fox News. Ele foi questionado pela apresentadora Maria Bartiromo sobre uma declaração recente de Nate Rempe, CEO da Omaha Steaks, tradicional marca americana de carnes.

Em entrevista ao canal na sexta-feira, Rempe afirmou que o preço da carne vermelha deve continuar subindo no país e alertou que a redução na oferta de gado pode levar os americanos a pagar até US$ 10 pela libra de carne moída, equivalente a cerca de 450 gramas.

Em resposta, o chefe do Tesouro atribuiu os altos preços a imigrantes da América do Sul que estariam chegando aos EUA com cabeças de gado supostamente infectadas por uma doença.

"Esses migrantes trouxeram alguns de seus gados com eles. Portanto, parte do problema é que tivemos de fechar a fronteira para a carne bovina mexicana por causa dessa doença chamada ‘screwworm’ (bicheira-do-novo-mundo). Não vamos permitir que isso entre na nossa cadeia de abastecimento", afirmou Bessent.

O aumento no preço da carne bovina tem pesado no bolso das famílias americanas, com valores subindo acima da média nos últimos meses. Os comentários de Bessent foram alvo de críticas nas redes sociais, onde circularam memes com imagens de vacas embarcando em aviões ou sendo catapultadas por cima do muro na fronteira com o México.

Economistas, no entanto, atribuem a alta dos preços aos reflexos do tarifaço imposto por Trump em abril, quando o presidente determinou taxas de 10% sobre diversos produtos importados, incluindo a carne bovina, que não foi incluída na lista de exceções divulgada posteriormente pela Casa Branca. No caso da carne brasileira, a taxação ainda inclui uma sobretaxa de 40%.

O aumento no custo de vida tem gerado pressão sobre o governo. Em um reconhecimento implícito de que a política tarifária impactou os preços nos EUA, o governo anunciou redução de algumas sobretaxas, mas, no caso do Brasil, segue vigente a tarifa extra de 40% sobre a carne bovina.