Finanças
Empréstimo de R$ 10 bilhões para os Correios supera em mais do dobro maior valor já concedido a estatal com aval do Tesouro
Maior operação anterior foi um empréstimo de R$ 4 bilhões do Banco do Brasil para a Eletrobrás em 2014
O empréstimo de R$ 10 bilhões que o governo do presidente Luiz Inácio Lula da Silva negocia para socorrer os Correios representa um marco entre as operações financeiras com aval do Tesouro Nacional. Até então, a maior operação havia sido um empréstimo de R$ 4 bilhões do Banco do Brasil para a Eletrobrás em 2014.
Assim como os Correios atualmente, a Eletrobrás enfrentava dificuldades para obter financiamento junto a bancos privados. Um ano antes, em 2013, o BNDES também havia concedido à estatal um empréstimo de R$ 2,5 bilhões. No total, os R$ 9 bilhões recebidos serviram para reforçar o capital de giro e viabilizar o plano de investimentos da companhia à época. A Eletrobrás acabou privatizada em 2022 e passou a se chamar Axia Energia.
Diante de uma crise financeira, os Correios tentam levantar ao menos R$ 5 bilhões no mercado até o fim do ano para equilibrar as contas de 2025, segundo interlocutores da empresa. Dirigentes afirmam que, sem esse reforço até dezembro, não haveria condições de arcar com salários e dívidas acumuladas com fornecedores. Procurada, a companhia não se manifestou.
A estatal, contudo, não deve atender aos requisitos de capacidade de pagamento exigidos para operações com aval do Tesouro, que pode, ainda assim, abrir uma exceção para a companhia.
Prejuízo e reestruturação
A negociação pelo empréstimo de R$ 10 bilhões surge diante de um prejuízo acumulado de R$ 4,3 bilhões em 2025. Inicialmente, a pedida era de R$ 20 bilhões, mas diminuiu pela metade, conforme adiantado pelo GLOBO. Só no segundo trimestre, entre abril e junho, o resultado negativo atingiu R$ 2,6 bilhões, quase cinco vezes superior ao do período equivalente do ano anterior, de R$ 553,1 milhões.
Na tentativa de recuperar fôlego, há uma discussão em andamento sobre um plano de reestruturação que prevê o fechamento de cerca de mil agências e unidades operacionais, além de um programa de desligamento voluntário (PDV). O PDV tem meta de adesão de 6.348 funcionários e de movimentação de outros dez mil trabalhadores para áreas mais críticas. A expectativa é economizar R$ 830 milhões.
Para evitar o empréstimo, também está em avaliação um fundo imobiliário, desenhado pela Caixa, com os ativos dos Correios — são 2.366 imóveis avaliados em R$ 5,4 bilhões. Segundo técnicos do banco, no entanto, os dados necessários para estruturar a operação estão demorando a chegar.
Eletronuclear
Com dificuldades de caixa, a Eletronuclear foi responsável pelo segundo maior empréstimo de uma estatal federal com aval da União — um crédito de R$ 3,8 bilhões concedido pela Caixa em 2013, destinado à construção da usina nuclear Angra 3, nunca concluída. Atualmente, a direção da Eletronuclear alerta para “risco de colapso operacional e financeiro” já a partir de novembro.
Finep
A Finep (Financiadora de Estudos e Projetos), vinculada ao Ministério da Ciência, Tecnologia e Inovação (MCTI), acumulou quatro empréstimos do BNDES que somaram R$ 8 bilhões entre 2011 e 2014. Os recursos foram aplicados em projetos de inovação tecnológica e no Plano Inova Empresa, lançado em 2013.
Mais lidas
-
1CRISE INTERNACIONAL
UE congela ativos russos e ameaça estabilidade financeira global, alerta analista
-
2ECONOMIA GLOBAL
Temor dos EUA: moeda do BRICS deverá ter diferencial frente ao dólar
-
3REALITY SHOW
'Ilhados com a Sogra 3': Fernanda Souza detalha novidades e desafios da nova temporada
-
4DIREITOS DOS APOSENTADOS
Avança proposta para evitar superendividamento de aposentados
-
5DEFESA NACIONAL
'Etapa mais crítica e estratégica': Marinha avança na construção do 1º submarino nuclear do Brasil