Finanças

Turismo artístico cresce no fim do ano e transforma férias em investimento para o futuro

Pesquisa da Mastercard aponta aumento nas chamadas “viagens com propósito”

Agência O Globo - 14/11/2025
Turismo artístico cresce no fim do ano e transforma férias em investimento para o futuro

Quando se fala em alta temporada, muitos brasileiros ainda pensam em praias lotadas, pacotes all inclusive e passagens aéreas com preços elevados. No entanto, um novo perfil de viagem vem ganhando destaque no fim do ano: as chamadas “viagens com propósito”. De acordo com um levantamento global do Mastercard Economics Institute, experiências culturais e educacionais apresentaram um dos maiores crescimentos nos últimos meses de 2024, superando o turismo exclusivamente de lazer. A projeção é de que, até o fim de 2025, a procura por esse tipo de viagem seja ainda maior.

Para a empresária Fabiana Carvalho, CEO do Grupo Qualité, esse movimento reflete uma mudança no comportamento das famílias. “Muitos pais estão preferindo investir em experiências que deixem legado. Em vez de uma viagem apenas para descansar, eles escolhem algo que transforme os filhos, que ensine disciplina, convivência e propósito. É um investimento no futuro, não somente em um momento de lazer”, afirma.

Arte que ensina

A Qualité é uma das empresas que apostam no chamado turismo artístico, que une intercâmbio cultural em dança e música, formação técnica e vivência em grupo. A organização promove programas que levam bailarinos e estudantes brasileiros para se apresentar em palcos icônicos, como os da Disney em Orlando e Paris, além dos navios do Magical Dance Cruise e, mais recentemente, no Beach Park, no Ceará, que sediou um evento-piloto em outubro.

“Começamos com os programas de dança na Disney, que recebem participantes a partir de sete anos. São grupos jovens, mas a maioria das viagens ocorre com a família inteira. Temos mães, pais, irmãos e até avós acompanhando. É uma experiência coletiva”, relata Fabiana.

Os grupos são formados por pessoas de diferentes regiões e realidades econômicas. “Há escolas que se preparam por dois anos, pagando em boletos”, explica. “A Disney, a Universal e a NBA são extremamente rigorosas, desde o figurino até a pontualidade. Eles aprendem, na prática, o que é responsabilidade, trabalho em equipe e maturidade cênica. Em dez dias, o adolescente que chegou mais imaturo retorna mais disciplinado, autônomo e com outra mentalidade. É impressionante acompanhar a evolução de cada um”, destaca Fabiana.

No segundo semestre, a Qualité retoma seus programas internacionais na Europa, com experiências culturais em Paris, Londres e Liverpool, incluindo a participação na tradicional International Beatle Week, que celebra o legado musical dos Beatles e a conexão entre dança, cultura e educação artística.

“Ampliamos o conceito de intercâmbio. Hoje ele não se limita à dança, apesar de ser nossa especialidade. Envolve teatro musical, idiomas, liderança e marketing. São programas que desenvolvem o jovem para a vida e para o mercado”, explica Fabiana.

Entre as histórias que simbolizam esse vínculo está a da escola Backstage Manaus, parceira da Qualité há dez anos. “Hoje eles embarcam com mais de 40 bailarinos. E cada viagem é diferente. Eles aprenderam a lidar com o processo, com a disciplina e com o outro. Virou uma comunidade”, completa.