Finanças
Tarifaço de Trump: Vieira e Rubio devem se reunir de novo hoje em Washington
Chefes da diplomacia de Lula e Donald Trump tiveram rápida conversa ontem no Canadá
O governo brasileiro busca reabrir canais de diálogo em Washington, onde os chefes da diplomacia do Brasil, Mauro Vieira, e dos Estados Unidos, Marco Rubio, têm encontro previsto para esta quinta-feira (13). O objetivo central é insistir na suspensão das sanções impostas pelo presidente Donald Trump aos produtos brasileiros, enquanto as negociações bilaterais seguem em andamento.
O movimento ganhou impulso após uma breve conversa entre o chanceler brasileiro e o secretário de Estado americano, realizada nesta quarta-feira (12), à margem da reunião ministerial do G7, em Niágara, no Canadá.
Durante o diálogo, Vieira destacou que o Brasil enviou, em 4 de novembro, uma proposta de negociação à parte americana, após reunião virtual entre equipes técnicas. Os termos permanecem reservados, mas fontes próximas ao tema afirmam que o documento sugere, entre outros pontos, a suspensão temporária das medidas enquanto se discute um acordo comercial mais amplo.
Sem avanços concretos
A reunião marcada para Washington ocorre duas semanas após o encontro entre os presidentes Luiz Inácio Lula da Silva e Donald Trump, na Malásia, que representou o primeiro gesto político de aproximação desde então. Apesar disso, até o momento não houve avanços concretos.
O tarifaço entrou em vigor em agosto, após anúncio feito em julho por Trump. As sobretaxas, de 50%, incidem sobre produtos brasileiros como aço, alumínio, carnes, café, frutas, pescados, suco de laranja e máquinas industriais. A Casa Branca alegou “perseguição judicial” ao ex-presidente Jair Bolsonaro para justificar as medidas, citando o ministro Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal, como principal alvo das sanções pessoais.
Investigação em curso
Além das tarifas, o Brasil enfrenta uma investigação com base na Seção 301 da Lei de Comércio dos Estados Unidos — instrumento que permite sanções a países acusados de práticas “injustificáveis ou discriminatórias”. No caso brasileiro, estão sob análise temas como comércio digital, regras ambientais, tarifas preferenciais, propriedade intelectual e o uso do Pix como meio de pagamento instantâneo, apontado por autoridades americanas como possível fator de desequilíbrio competitivo para empresas estrangeiras.
Nesta semana, Trump voltou a mencionar a possibilidade de reduzir algumas tarifas de importação de café, como parte de um esforço para conter a inflação doméstica, pressionada pela alta de preços gerada pelo próprio tarifaço. Embora o Brasil não tenha sido citado nominalmente, a sinalização foi recebida com otimismo por interlocutores do governo e do setor privado.
Impacto nas exportações brasileiras
Os Estados Unidos são o maior consumidor de café do mundo, com importações anuais de cerca de 25 milhões de sacas. O Brasil responde por aproximadamente um terço desse total.
As sobretaxas impostas por Washington provocaram forte impacto nas exportações brasileiras. Desde agosto, as vendas de produtos atingidos pelas medidas — especialmente aço, alumínio, carnes, café e máquinas industriais — registraram retração estimada em 20% no valor exportado, entre agosto e outubro, em comparação com o mesmo período do ano anterior.
O Itamaraty e o Ministério do Desenvolvimento sustentam que as medidas são injustificadas, já que os Estados Unidos continuam superavitários no comércio bilateral. Dados de 2024 mostram que o país exportou US$ 40,4 bilhões ao Brasil, enquanto as vendas brasileiras aos EUA somaram US$ 40,7 bilhões — diferença de cerca de US$ 300 milhões. Entre janeiro e outubro, o déficit brasileiro com os Estados Unidos atingiu US$ 6,8 bilhões.
A decisão da Casa Branca de vincular o fim do tarifaço à situação judicial de Bolsonaro aprofundou a crise diplomática. Lula, segundo interlocutores, foi categórico ao afirmar que o Brasil não aceitará interferência em assuntos internos e que não se deve confundir divergências políticas com temas comerciais. O presidente reforçou que o país não abrirá mão de sua soberania e que a defesa do Estado de Direito é inegociável, mesmo diante de pressões econômicas.
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