Finanças
Inflação desacelera em outubro e pode fechar o ano dentro da meta; veja o que ficou mais barato no supermercado
IPCA sobe apenas 0,09% em outubro, resultado abaixo das expectativas do mercado
A inflação oficial, medida pelo IPCA, desacelerou em outubro e registrou uma alta de apenas 0,09%, informou o IBGE nesta quarta-feira. O resultado representa a menor variação para meses de outubro desde 1998 e ficou abaixo das projeções do mercado, que apontavam para uma alta de 0,15%, segundo pesquisa da agência Bloomberg.
O principal alívio veio dos preços dos alimentos consumidos em casa, que recuaram 0,16% no mês, marcando o quinto mês consecutivo de queda. Além disso, a conta de luz também ficou mais barata, com redução média de 2,39%, devido à mudança na bandeira tarifária — em outubro, vigorou a bandeira vermelha 1, que implica uma taxa extra menor em relação à bandeira vermelha 2, vigente em setembro.
No acumulado dos últimos 12 meses, o IPCA ficou em 4,68%, a menor variação desde janeiro. O resultado aumenta as chances de o índice fechar o ano dentro do teto da meta de inflação, que é de 4,5%, e abre caminho para possíveis cortes na Selic, a taxa básica de juros do Banco Central, atualmente em 15% ao ano.
Outros grupos, como vestuário e transportes, além de bens duráveis — móveis e eletrodomésticos —, também apresentaram comportamento favorável. A queda na taxa de câmbio, com o dólar atingindo a menor cotação em 17 meses, contribuiu para o barateamento de produtos importados e alimentos.
Com o resultado de outubro, analistas revisaram para baixo as projeções do IPCA para 2025. André Valério, economista sênior do banco Inter, já vê possibilidade de o índice encerrar o ano em 4,4%, ante estimativa anterior de 4,6%.
Economistas também destacam a redução do preço da gasolina nas refinarias, anunciada pela Petrobras no fim de outubro, e as promoções da Black Friday, que vêm barateando eletrodomésticos, móveis e itens de cuidado pessoal. Para novembro, as previsões apontam para um IPCA entre 0,18% e 0,19%.
Já em dezembro, algumas pressões sazonais devem voltar a aparecer, como o encarecimento dos alimentos devido às festas de fim de ano e a alta nos preços de serviços, como passagens aéreas. Por isso, as projeções variam de 0,30% a 0,55% para o último mês do ano, segundo economistas consultados.
O cenário de inflação mais controlada aumenta as apostas de que o Banco Central possa iniciar um ciclo de cortes na Selic já em janeiro, conforme destacou Luciano Costa, economista-chefe da corretora Monte Bravo. A ata da última reunião do Copom, divulgada ontem, reforçou a confiança do BC no atual patamar da Selic para esfriar a economia e trazer a inflação para dentro da meta.
Por outro lado, Igor Barenboim, economista-chefe da Reach Capital, alerta para a pressão dos preços de serviços, que avançaram 0,41% em outubro e acumulam alta de 6,2% em 12 meses. "O número de outubro ajuda, mas não é definitivo. O BC olha para o cenário à frente. Se o contexto internacional permanecer favorável, há chance de corte em janeiro, mas ainda considero março o mais provável", afirma Barenboim.
Outro ponto importante é a nova regra para o cumprimento da meta de inflação. Até o ano passado, a meta era anual, e o presidente do BC precisava explicar ao Ministério da Fazenda sempre que o índice ultrapassava o teto. Agora, a meta é contínua: o BC só precisa justificar o descumprimento se a inflação em 12 meses superar o limite por mais de seis meses seguidos.
Se o IPCA fechar o ano abaixo de 4,5%, o presidente do BC, Gabriel Galípolo, não precisará enviar nova carta explicativa ao Ministério da Fazenda. Em 2024, Galípolo já escreveu duas cartas devido ao estouro da meta, em janeiro e julho.
Mais lidas
-
1CRISE INTERNACIONAL
UE congela ativos russos e ameaça estabilidade financeira global, alerta analista
-
2ECONOMIA GLOBAL
Temor dos EUA: moeda do BRICS deverá ter diferencial frente ao dólar
-
3REALITY SHOW
'Ilhados com a Sogra 3': Fernanda Souza detalha novidades e desafios da nova temporada
-
4DIREITOS DOS APOSENTADOS
Avança proposta para evitar superendividamento de aposentados
-
5DEFESA NACIONAL
'Etapa mais crítica e estratégica': Marinha avança na construção do 1º submarino nuclear do Brasil