Esportes

Atleta de 59 anos será porta-bandeira dos 280 brasileiros nas Paralimpíadas de Paris; saiba mais sobre a delegação do país

Beth Gomes, do atletismo, foi a escolhida ao lado do nadador Gabrielzinho, de 22 anos; cerimônia de abertura acontecerá na quarta-feira

Agência O Globo - GLOBO 27/08/2024
Atleta de 59 anos será porta-bandeira dos 280 brasileiros nas Paralimpíadas de Paris; saiba mais sobre a delegação do país
Foto: Agência Brasil

O Brasil terá 280 atletas nos Jogos Paralímpicos de Paris, cuja Cerimônia de Abertura está marcada para quarta-feira, a partir das 15 horas (de Brasília), em desfile pela Champs Elysées. O grupo é formado por 255 esportistas com deficiência, 19 atletas-guia (sendo 18 do atletismo e 1 do triatlo), três calheiros da bocha, dois goleiros do futebol de cegos e um timoneiro do remo. Os atletas do país disputarão 20 das 22 modalidades do programa dos Jogos, uma vez que os brasileiros não conseguiram a classificação no basquete em cadeira de rodas e no rúgbi em cadeira de rodas.

Esse número é recorde em uma missão paralímpica fora do Brasil – na Rio-2016, o Brasil contou com 278 atletas com deficiência nas 22 modalidades do programa. Em Tóquio-2020, o Brasil teve 259 convocados. Entre os destaques estão a equipe de atletismo com 71 atletas com deficiência (recorde histórico) e o futebol de cegos, única campeã paralímpica da modalidade em toda a história e que busca o hexacampeonato.

Para a festa de abertura, o Brasil terá como porta-bandeiras Beth Gomes, de 59 anos, do atletismo, e Gabrielzinho, de 22 anos, da natação.

– Quando soube, só chorei e chorei. Não imaginava ser escolhida... Isso representa muito minha vida dentro de esporte. São quase 30 anos de paralímpico. É uma emoção muito grande e vou levar essa experiência para o resto da minha vida. Representar todos os brasileiros, atletas, treinadores e equipe multidisciplinar – comemorou Beth. – Vai ser um sonho. Não sei nem se conseguirei pensar direito, terei de me beliscar para ver se é verdade mesmo.

Beth era jogadora de vôlei e em 1993 foi diagnosticada com esclerose múltipla. Depois de jogar basquete em cadeira de rodas e estrear em Paralimpíadas, em Pequim-2008, ela se encontrou no atletismo. É a atual recordista mundial do lançamento de disco e ouro no lançamento de disco nos Jogos Paralímpicos de Tóquio-2020. No último Mundial, em Kobe, em 2024, conquistou o ouro no lançamento de disco e prata no arremesso de peso (F53).

E Gabrielzinho, que tem focomelia, doença congênita que impede a formação normal de braços e pernas, já conquistou três pódios em Jogos Paralímpicos. Na edição de Tóquio-2020 ele foi ouro nos 200m livre e nos 50m costas e prata nos 100m costas (S2). No Mundial de Manchester, em 2023, ele foi ouro nos 50m costas, 100m costas e nos 200m livre.

– É a honra máxima, estar em uma Paralimpíada e carregar a bandeira do Brasil na Abertura. Quando recebi a notícia, nem sabia o que fazer, o coração estava gritando e doido para sair pulando e contando para todo mundo. Vou realizar mais um sonho na minha vida, que é representar toda a nação, em um momento tão mágico e único e que poucos tem a mesma oportunidade – disse Gabrielzinho, que vai nadar no dia seguinte – Estou mais preparado para nadar do que para a cerimônia. Vai ser uma correria boa. Eu já ia para a cerimônia de abertura, já havia me preparado para ir. E agora com essa oportunidade... que sonho.

Seguindo o mesmo princípio dos Jogos Olímpicos de Paris-2024, a Abertura da Paralimpíada será totalmente fora do estádio. Os atletas desfilarão pela Champs-Elysées, parte da cerimônia gratuita, e chegarão à maior praça de Paris, que oferece vista do Louvre e do Jardim das Tulherias. Nesta parte final, na Praça da Concórdia, acontecerão as apresentações artísticas e a parte protocolar do evento. Um palco de 4.500 metros quadrados, rodeado por quatro níveis de arquibancadas, receberão o público que comprou ingresso. Chamada de "Paradoxo", a festa destacará "todos os corpos" e será dirigida Thomas Jolly, o mesmo que assinou a Cerimônia de Abertura da Olimpíada.

Mulheres

Segundo o Comitê Paralímpico do Brasil (CPB), a meta para Paris-2024 é superar a performance de Tóquio-2020, a melhor da história, e conquistar entre 70 a 90 medalhas, com mais ouros que em 2020.

No Japão, os brasileiros subiram ao pódio 72 vezes, mesmo número da Rio-2016, mas obtiveram mais medalhas de ouro. Ao todo, o Brasil conquistou 22 ouros, 20 pratas e 30 bronzes.

O desempenho rendeu ao país a sétima posição no quadro geral de medalhas (atrás de China, Grã-Bretanha, Comitê Paralímpico Russo, EUA, Holanda e Ucrânia), a mesma posição obtida em Londres-2012 e a melhor do país no evento.

Além disso, o Brasil está prestes a passar a marca de 400 medalhas paralímpicas. Com 373 medalhas, conquistadas em onze edições, faltam apenas 27. Na história, o Brasil tem 109 ouros, 132 pratas e 132 bronzes, sendo o atletismo (170 medalhas – 48 ouros, 70 pratas e 52 bronzes), a natação (125 medalhas – 40 ouros, 39 pratas e 46 bronzes) e o judô (25 medalhas – cinco ouros, nove pratas e 11 bronzes) as modalidades mais vencedoras.

Dos 255 atletas com deficiência convocados, 117 são mulheres, ou 45,88% do total dos competidores. O número representa a maior convocação feminina brasileira da história dos Jogos Paralímpicos. Tanto em quantidade quanto em termos percentuais. Até então, na Rio-2016, o Brasil havia tido 102 mulheres em ação (35,17% do total).

Já em termos percentuais, a maior representatividade de mulheres na delegação havia sido em Tóquio-2020, quando 41,03% do total dos convocados eram do sexo feminino – 96 ante os 138 homens.

Segundo o o Comitê Paralímpico Internacional (ICC), haverá recorde de participação feminina, com quase 2 mil mulheres (1.983), o dobro de Sydney 2000 (988). Eritreia, Kosovo e Ilhas Kiribati serão os novos países participantes.