Esportes
CPI da Manipulação do Futebol é encerrada sem votação de relatório: 'Doutorado em pizzaiolo'
Oposição pede vista no último dia de funcionamento da comissão, e agora quer mirar nas bets em outra comissão
Após quatro meses de audiências, a CPI da Manipulação de Resultados em Jogos de Futebol terminou nesta terça-feira sem a votação de qualquer relatório. No último dia de funcionamento, o parecer do deputado Felipe Carreras (PSB-PE) teve um pedido de vista concedido após manifestação da oposição, logo no início da sessão.
Com isso, sem prazo estendido pelo presidente da Casa, Arthur Lira (PP-AL), não há mais tempo para deliberação.
Em sessão de pouco mais de 30 minutos, os parlamentares lamentaram o encaminhamento dos trabalhos e não trataram de uma nova prorrogação como opção viável. Pelo regimento, ainda é possível estendê-la por mais 48 dias — até aqui, foram 120 dias, com mais 12 de prorrogação.
— Infelizmente não teremos prazo para aprovar o relatório — disse o presidente da CPI, Julio Arcoverde (PP-PI), resignado.
O texto do relator sobre esquemas que envolvem jogadores e apostas esportivas não apontou indiciamentos. O deputado sugeriu apenas a elaboração de quatro projetos de lei com o objetivo de resguardar o esporte de práticas fraudulentas.
Deputados da oposição, que queriam focar os trabalhos nos meios de pagamento e atuação das "bets", as empesas de apostas, não aceitaram endossar o parecer.
— Não vai alterar absolutamente nada (o pedido de vista). É melhor não acabar numa pizza. É melhor terminar num doutorado pizzaiolo — disse Wellington Roberto (PL-PE).
Constrangimento
A rápida sessão foi marcada pelo constrangimento gerado por reportagem da "Veja". No sábado, a revista trouxe relatos de que Carreras teria pedido R$ 35 milhões de propina para blindar as casas de apostas na CPI — o parlamentar nega qualquer pedido de vantagem indevida.
De acordo com a reportagem, o deputado teria pedido um pagamento de R$ 35 milhões a Wesley Cardia, presidente da Associação Nacional de Jogos e Loterias (ANJL).
Ainda de acordo com a "Veja", Cardia procurou José Francisco Manssur, secretário-especial do Ministério da Fazenda, para fazer a acusação a Carreras e também para dizer que havia sido abordado por outros deputados que buscavam conseguir vantagens financeiras.
Em nota, a ANJL rebateu as informações da publicação da Veja, afirmando que a questão não foi tratada no âmbito do Ministério da Fazenda.
Antes da sessão, a expectativa da oposição era que Carreras "sangrasse" durante a audiência. Mas a reunião foi rápida, sem até mesmo a leitura do relatório.
Nova investida
Com o encerramento da CPI, o grupo insatisfeito com o relatório de Carreras deve tentar levar o foco sobre empresas de apostas para a Comissão de Fiscalização Financeira e Controle. Inclusive com o objetivo de esclarecer o caso publicado pela revista.
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