Esportes
Febre do futebol atinge noroeste da Síria controlado por rebeldes
Milhares de torcedores lotaram um estádio para a frenética final de uma copa de futebol, uma válvula de escape em meio a anos de conflito e miséria
"Estou muito feliz hoje", disse Mohammed al-Zeer, 28, da cidade de Idlib, no noroeste do país. "Entre a guerra e a destruição e as explosões e os problemas", acontecimentos como um jogo de futebol são "uma grande alegria". A região de Idlib, controlada pelos rebeldes da Síria, abriga aproximadamente 3 milhões de pessoas, cerca de metade delas deslocadas de outras partes do país. Muitos vivem na pobreza, inclusive em campos de deslocados superlotados.
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A partida da noite de sexta-feira colocou o time Omaya do coração da cidade controlada pela oposição contra Homs Al-Adiya, composto por jogadores originários da cidade controlada pelo regime de Homs. O estádio estava lotado de torcedores que dispararam sinalizadores e gritaram slogans revolucionários anti-regime, bem como cânticos de futebol. Os torcedores agitaram bandeiras da oposição síria junto com as cores vermelho e verde do time de Idlib ou o azul e amarelo do clube de Homs.
— Sempre que assisto a jogos com uma multidão entusiasmada, significa muito para mim — disse Zeer, que também é torcedor do Barcelona e da seleção argentina. — O esporte é a única saída para os jovens na região de Idlib.
O conflito na Síria eclodiu em 2011, depois que a repressão do presidente Bashar al-Assad às manifestações pacíficas antigovernamentais se transformou em um conflito mortal que atraiu potências estrangeiras e jihadistas globais. A guerra já matou mais de meio milhão de pessoas e deslocou milhões.
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Invasão de campo
O torneio reuniu 36 times formados por jogadores da região de Idlib ou deslocados de outras partes da Síria. O bastião de Idlib é controlado pelo Hayat Tahrir al-Sham (HTS), considerado um grupo "terrorista" por Damasco, bem como pelos Estados Unidos e pelas Nações Unidas. O jogador de futebol do Idlib, Yazen Habboush, conta que costumava jogar pelo Omaya quando fazia parte do time da primeira divisão síria em áreas controladas pelo governo.
— Alguns outros jogadores e eu desertamos, em 2015 — disse Habboush, que agora está com quase 20 anos.
Ele ficou entusiasmado com a oportunidade que a partida de sexta-feira proporcionou, dizendo que permitiu às pessoas "expressar sentimentos" geralmente guardados. Como tanta gente queria ver a partida, centenas delas subiram nos muros do próprio estádio e também nas proximidades, ou assistiram dos telhados dos prédios.
Houve uma onda de emoção quando o time da casa venceu por 2 a 1, com torcedores do Omaya invadindo o campo, mulheres ululando e fogos de artifício estourando no estádio em comemoração. Os torcedores vitoriosos foram às ruas em motocicletas e carros, agitando bandeiras de Omaya em vermelho e verde.
O estádio municipal de Idlib foi atingido por ataques aéreos no início do conflito, mas passou por reformas básicas e reabriu em 2018. Em 2020, recebeu pessoas deslocadas que armaram barracas ao redor das instalações, pendurando suas roupas na cerca do lado do campo. Mohammed al-Sibaie, um oficial esportivo das autoridades locais, disse que novas reformas foram concluídas em novembro passado.
O estádio estava em sua capacidade máxima de 12 mil para o jogo da noite de sexta-feira, disse ele.
— O esporte é uma válvula de escape para todos, sejam esportistas ou não—declarou Sibaie à AFP. — Apesar dos bombardeios e apesar das dificuldades pelas quais as pessoas estão passando, se Deus quiser vamos continuar praticando esporte e expandi-lo.
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