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Zagueiros, calor e longas viagens: o que pode desafiar Messi nos Estados Unidos

Contra o FC Dallas, neste domingo às 22h30, argentino faz sua quarta partida de seu melhor início de carreira, no Inter Miami

Agência O Globo - EXTRA 06/08/2023
Zagueiros, calor e longas viagens: o que pode desafiar Messi nos Estados Unidos
Messi - Foto: Reprodução

Passada a surpresa com a ida de Lionel Messi para o Inter Miami, o mundo se perguntou: como será a passagem do sete vezes melhor do mundo pela MLS, a liga dos EUA que ocupa a periferia do futebol mundial? As primeiras partidas indicaram aquilo que todos já esperavam. Em três jogos, o argentino marcou cinco gols e deu uma assistência. Hoje, seu time enfrenta o FC Dallas pelas oitavas da Copa das Ligas, torneio entre equipes estadunidenses e mexicanas. E a pergunta que passa a valer agora é outra: o que pode ser desafiador para o astro no país do soccer?

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De fato, o nível técnico da MLS não se aproxima do dos Campeonatos Francês e Espanhol e, muito menos, do da Champions League, principais torneios disputados por ele em seus anos de Europa. Mas ela também já não é mais uma liga de veteranos que vão para os EUA atrás de dinheiro antes da aposentadoria.

Desde o fim da década passada, os clubes têm investido na captação de jovens talentos para aumentar a competitividade e render boas vendas para a Europa. No ano passado, a MLS foi a 8ª que mais gastou com reforços no mundo. Mais que o Brasil e até mesmo Portugal. Em quantidade de atletas, o país foi o 10º que mais contratou.

Uma das promessas que foram parar lá é o brasileiro Geovane Jesus, zagueiro de 21 anos campeão da Série B com o Cruzeiro e contratado pelo FC Dallas. Hoje, ele tentará mostrar a Messi que há, sim, zagas capazes de pará-lo.

— O Messi, lógico, merece todo o respeito. Mas a maior prova de respeito é fazer um duelo à altura dele e do nosso adversário, que tem grande elenco. Estou confiante que vamos fazer uma ótima exibição e sair com a vaga — disse o brasileiro ao GLOBO.

Temporada no verão

Tiago Brandão, jornalista do site Território MLS, aponta uma zaga que pode incomodar Messi: a do Philadelphia Union, time menos vazado e vice-campeão da edição passada. O setor é liderado pelo trio formado por André Blake, goleiro também da seleção jamaicana; o zagueiro norueguês Jakob Glesnes e o lateral alemão Kai Wagner.

— Se fossem eleger a melhor defesa da MLS, certamente ela seria quase inteira do Philadelphia — crava.

O desempenho das equipes americanas na Copa das Ligas é uma mostra desta evolução técnica. Das 16 classificadas às quartas, apenas cinco são mexicanas.

Para além dos adversários, a MLS pode oferecer outros desafios a Messi. Principalmente se levarmos em consideração que se trata de um atleta de 36 anos que atuou a carreira inteira na Europa.

Um deles é o calor. Ao contrário de praticamente todo o resto do mundo, a temporada é disputada durante o verão. O objetivo é justamente aproveitar que as altas temperaturas estimularem o público a sair de suas casas. Mas, para evitar condições insalubres para os envolvidos, a temperatura é monitorada. Adiamentos e pausas são previstos nas regras.

— Há um cuidado dos times e da própria MLS com relação aos bem estar dos jogadores. Então se há algum risco climático, por exemplo, eles não vão forçar o início da partida — explica Geovane, ciente de que sua tolerância é maior do que a de quem vem do velho continente. — O Brasil é um país que, exceto no Sul e em parte do Sudeste, o calor predomina em boa parte do ano.

Longas viagens são outro fator com o qual Messi não está acostumado. Os EUA são ainda maiores que o Brasil em extensão territorial. Sem contar que há três clubes canadenses.

— A questão do calor deve vai ser manejada junto com o planejamento dos jogos fora de casa. Se for uma partida em condição não agradável, acredito que ele não será relacionado. Principalmente neste primeiro ano, em que o Inter Miami está muito mal (é o lanterna da conferência) — avalia Tiago Brandão. — É provável que ele atue nos jogos em casa e nos grandes mercados, como Nova York. Jogo em que não for interessante, como em Minessota e no Canadá, deve ficar de fora.

Outro item que certamente entrará nesta conta são os gramados sintéticos. Segundo a imprensa americana, o contrato de Messi diz que ele não atuará neste tipo de campo — no qual a velocidade da bola, entre outros fatores, é diferente do natural. Seis clubes possuem estádios com este piso. E, até agora, não se mostraram dispostos a trocar.

Em período de recesso, a MLS está prevista para retornar no dia 20, após o encerramento da Copa das Ligas. Além destas duas competições, há ainda a Copa dos EUA, da qual o Inter Miami é semifinalista.