Esportes
Vendedores de SAF’s movimentaram mais de R$ 2 bilhões em investimentos no país
João Pedro Fragoso
Dos 20 principais clubes do país, oito funcionam como Sociedades Anônimas de Futebol (SAFs). Esportivamente falando, a mais bem sucedida até o momento é a do Botafogo, líder do Brasileirão com 11 pontos de vantagem para o vice-colocado. Por outro lado, os quatro times que compõem a zona de rebaixamento também funcionam como SAFs, incluindo o Vasco, que, sob o comando da 777 Partners, é o lanterna com apenas duas vitórias em 15 jogos.
A presença das SAFs trouxe para o futebol brasileiro e o mercado do país agentes de um ramo que ainda se desenvolve, a dos consultores que trabalham nas negociações junto de clubes e investidores. No exemplo do atual cenário do Brasileirão, é enfatizado que, após a venda, mais do que o dinheiro injetado, vale mais a gestão que será adotada.
— Acho que a visão de que a SAF em si resolve o problema é muito mais do torcedor do que do investidor, que está ligado nos riscos que podem acontecer. Você pegar um clube que está mal esportivamente, quem garante que ele não vai cair? Os investidores de futebol entendem esse risco e acho que, com o tempo, os próprios torcedores vão ter a visão um pouquinho mais madura sobre essa realidade. Se todo mundo vira SAF, o campeão vai ser SAF e o rebaixado também — avalia Danilo Caixeiro, sócio e fundador da Matix Capital, empresa que conduziu as negociações para as compras do Botafogo e do Vasco pelo lado dos compradores, o chamado “buy-side”.
América-RN e Rio Branco
Fundada por Danilo e Thairo Arruda, hoje CEO interino do Botafogo — com o cargo no alvinegro, Arruda não é mais executivo atuante nas funções da empresa, mas sócio —, a Matix conta atualmente com seis funcionários. Além dos dois rivais cariocas, a empresa também conduziu as compras do América-RN, adquirido pela empresa Hype, e do Rio Branco-ES, comprado pela T2R Sports. Ao todo, com os quatro negócios, a empresa estima que movimentou mais de R$ 2 bilhões em investimentos em SAFs no país.
Gigantes do mercado financeiro, como a XP Investimentos, que fez a negociação no “sell-side”, ou seja, lado dos clubes associativos que colocam o futebol a venda, de Botafogo, Cruzeiro, Coritiba e Vasco, por exemplo, também entram aos poucos num mercado ainda novo e que pode crescer num futuro próximo.
No caso do Botafogo, a dupla procurou John Textor. Ainda sem portfólio em relação à consultoria para compra de clubes, trabalharam nove meses sem contrato e sem ganhos financeiros. Depois, com a concretização da negociação no início de 2022, vieram os louros. Enquanto trabalhavam com o empresário americano, foram procurados pela 777 Partners, em novembro de 2021, após indicação de pessoas envolvidas no mercado.
— Se tem alguma coisa (que possa interferir por terem participado da negociação entre dois rivais), acho que é um benefício. Criei uma relação muito boa com o pessoal da 777 Partners e que talvez de outra forma não teria acontecido. Acho que isso ajuda um pouquinho até na integração geral das SAFs. É bom ter esse bom relacionamento — explica Caixeiro.
Negociações
Com a projeção de que, até 2025, pelo menos 50% dos clubes das séries A e B do Brasil irão se tornar SAFs, a Matix já negocia com possíveis investidores para outros times no Brasil.
— Claro que o momento do Brasil tem que ajudar, para os investidores estrangeiros não terem medo. Mas a gente está vendo essa movimentação, então faz todo sentido. Acho isso maravilhoso para o futebol brasileiro. Injeção de capital, ânimo, profissionalismo — diz Danilo Caixeiro.
— Talvez eu seja enviesado, mas compro muito a ideia de que a Lei da SAF e a privatização desses clubes vai trazer benefícios para o futebol brasileiro como um todo. Todos os projetos tem previsão de fazer estrutura de base, treinamento e captação — conclui.
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