Economia
Exxon, Petrobras, Saudi Aramco e outras petroleiras prometem reduzir emissões na COP28
Pacto assinado por 50 empresas não prevê redução na produção de petróleo e gás
Durante a COP28, que acontece em Dubai, a Exxon e a Aramco da Arábia Saudita, as maiores empresas petrolíferas privadas e estatais do mundo, lideraram um compromisso de 50 produtores de petróleo e gás de reduzir as emissões das suas próprias operações.
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O acordo será controverso, uma vez que nenhuma das empresas concorda em reduzir a produção de petróleo e gás. Mas elas se comprometeram a reduzir as emissões de metano — um dos gases com efeito de estufa mais perigosos — a quase zero até 2030 e a pôr termo à queima rotineira de gás natural.
O presidente da COP28, Sultan Al Jaber, que também é CEO da Abu Dhabi National Oil, apostou muito capital político para trazer a indústria do petróleo e do gás para a luta climática.
Os 50 membros da Carta de Descarbonização do Petróleo e Gás representam cerca de 40% da produção global de petróleo. Eles incluem 29 empresas petrolíferas nacionais, marcando o progresso em um setor que tem sido lento em agir sobre o metano devido à falta de pressão tanto de reguladores, quanto de investidores. As metas não serão vinculativas, mas os signatários terão que apresentar um plano para alcançá-las até 2025.
Entre as petrolíferas internacionais, Shell, BP, TotalEnergies SE e Occidental Petroleum juntaram-se à Exxon na assinatura. As ausências mais notáveis foram Chevron e ConocoPhillips.
A lista de empresas nacionais inclui a Petrobras do Brasil, a NNPC da Nigéria e a KazMunaiGaz do Cazaquistão. As maiores empresas de petróleo e gás da China não aderiram.
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"O lançamento do OGDC é um grande primeiro passo”, disse Al Jaber por meio de comunicado. “Precisamos que toda a indústria mantenha o 1,5ºC ao nosso alcance e estabeleça uma ambição ainda mais forte para a descarbonização.”
O anúncio faz parte de um pacote mais amplo nomeado Acelerador Global de Descarbonização, que inclui o compromisso de triplicar a implantação global de energias renováveis até 2030 e planos para combater a poluição na indústria pesada.
Reações fortes
Para muitos ativistas da COP, a Exxon e a Aramco são criminosas climáticas, pois possuem grande parte da responsabilidade pela crise do aquecimento global. Al Jaber argumenta que mesmo com a eliminação progressiva dos combustíveis fósseis, o petróleo e o gás continuarão a fazer parte do sistema energético durante as próximas décadas e torná-los tão limpos quanto possível ajuda a causa.
Mais de 300 organizações climáticas de todo o mundo publicaram uma carta criticando fortemente o compromisso. Elas tentaram convencer a presidência da COP28 a abandonar a iniciativa e, em vez disso, concentrar-se em garantir um pacote juridicamente vinculativo para eliminar gradualmente todos os combustíveis fósseis.
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— Não temos tempo a perder com mais compromissos e iniciativas com nomes sofisticados — disse Cansin Leylim Ilgaz, diretor associado de campanhas globais da 350.org, um movimento que busca acabar com o uso de combustíveis sujos — Precisamos de uma eliminação progressiva rápida, justa e equitativa dos combustíveis fósseis, que não dependa de distrações perigosas.
Darren Woods, CEO da Exxon Mobil, estava entre os chefes da indústria que viajaram para a COP para assinar a carta, a primeira vez que o líder da maior empresa petrolífera dos Estados Unidos apareceu em uma conferência global sobre o clima.
— A boa notícia é que com esta COP existe o desejo de tentar reunir todos os constituintes para tentar resolver este problema difícil e desafiante — disse Woods numa entrevista.
A Exxon há tempos resiste aos objetivos que a obrigariam a cortar a produção, apesar de rivais como a britânica BP e a francesa TotalEnergies terem procurado alinhar os seus planos de negócios com as metas climáticas globais.
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Este plano é mais palatável para empresas como a Exxon e a Aramco porque não diz nada sobre a rapidez com que a produção global de petróleo e gás deverá cair. Ambas as empresas afirmaram que o petróleo e o gás continuarão a ser vitais para a economia global num futuro próximo.
Os signatários também se comprometerão a quase zerar a poluição por carbono proveniente de suas operações, conhecidas como emissões de escopo 1 ou 2, até 2050. Isso parece radical, mas exclui totalmente as emissões de escopo 3, que provêm da queima dos combustíveis fósseis que produzem e constituem a maioria dos danos climáticos.
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