Economia
Artigo: Empreendedorismo da mulher transforma realidades e move desenvolvimento do Estado do Rio
"Somos a maioria da população do Rio de Janeiro. Somos mulheres, mães, empresárias, empreendedoras, funcionárias, cuidadoras, donas de casa. Somos até tema de redação do Enem. Somos a pauta do momento e estamos dispostas a não sair mais desse posto. Temos muito a avançar, mas também a comemorar. Não à toa, enquanto o mundo comemora o Dia Internacional do Empreendedorismo Feminino, neste 19 de novembro, o Estado do Rio de Janeiro tem vivido intensamente o seu primeiro Mês Estadual do Empreendedorismo Feminino. Um novembro inteiro de atividades instituído por lei sancionada recentemente pelo governador Cláudio Castro e que reforça o compromisso do governo do estado com a inclusão produtiva e o estímulo à autonomia socioeconômica feminina.
Nas duas primeiras semanas deste mês, o calendário de eventos, feiras e rodadas de negócios promovido pela Secretaria de Estado da Mulher, em parceria com municípios de todas as regiões do estado, impactou mais de mil mulheres que comandam seus negócios ou se preparam para se tornarem donas de suas histórias.
Não vamos parar! E os números não deixam dúvidas de que esse é um caminho sem volta. O Rio de Janeiro é o estado mais feminino do país, com uma população formada por quase 53% de mulheres, e também o estado com a maior porcentagem de mulheres empreendedoras, 38%. O governo vem trabalhando para fortalecer essas mulheres, para que elas ocupem posições de liderança e possam se capacitar para conquistar sua independência financeira.
Compreender o empreendedorismo feminino, para além da abertura e da gestão de um negócio por uma mulher, é fundamental para perceber a ampliação do espaço de atuação e liderança feminina no mercado de trabalho em um cenário mundial em que as mulheres buscam por protagonismo e equidade de direitos.
Uma lei que coloca em evidência o empreendedorismo feminino deixa um legado importantíssimo para conquista de direitos das mulheres. Vivemos em um país que, até meados de 1960, não permitia que a mulher fosse proprietária de um negócio, estivesse inserida na sociedade de uma empresa, abrisse conta em banco, ou, dispusesse livremente de suas heranças, sem o consentimento de um homem (seu marido, pai ou irmão). Isso traz um impacto significativo para o empreendedorismo feminino que é atravessado por obstáculos sociais próprios do fato do empreendimento ser fruto da iniciativa de uma mulher.
O principal desafio para os negócios iniciados por mulheres é a expectativa da responsabilidade feminina em relação ao cuidado com a família que gera uma jornada de trabalho múltipla: criação dos filhos, bem-estar da família, trabalho doméstico, trabalho remunerado. Diante disso, a possibilidade de estar próxima da família e a flexibilidade de horários impulsionam muitas mulheres a iniciarem suas jornadas como donas de negócios.
De acordo com o Sebrae, mulheres dedicam 17% menos horas ao próprio negócio que os homens e chegam a trabalhar 10,5 horas por semana a mais que os homens com afazeres domésticos e no cuidado com os filhos e/ou familiares. Apesar da participação feminina à frente de negócios no Estado do Rio de Janeiro ser bastante expressiva, apenas 9% empregavam outras pessoas, até o terceiro trimestre de 2022, conforme Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios Contínua (PNADC) do IBGE.
Negócios de mulheres tendem hoje a permanecer pequenos e respondem, em geral, à intenção de independência econômica da própria empreendedora. O crescimento da empresa ainda é percebido como uma ameaça para os padrões de relacionamento familiar e conjugal da mulher. Isso impacta em um desejo reduzido de expandir. Temos o grande desafio de empoderar economicamente nossas meninas e mulheres para mudar esse cenário, desenvolver nosso estado e, por consequência, nosso Brasil. Fortalecer empreendimentos liderados por mulheres é urgente e estamos trabalhando para isso, conectando as redes de apoio, profissionalizando mulheres em parceria com a Faetec, regulamentando leis que reforçam garantias de direitos e capacitando gestões municipais. Vamos juntas!"
*Heloisa Aguiar é advogada, com especialização em Responsabilidade Social pela UFRJ, e secretária de Estado da Mulher do Rio de Janeiro
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