Economia
Milei ou Massa? Analistas debatem sobre quem pode ajudar o câmbio da Argentina
Especialistas dizem que, no curto prazo, país ainda deve sofrer com inflação alta e câmbio depreciado
Os argentinos vão às urnas neste domingo para decidir quem será o próximo presidente. De um lado, Sergio Massa representa a continuidade do atual governo e, de outro, Javier Milei sugere uma ruptura do modelo, baseada em ideias radicais. Para analistas, independentemente de qual candidato vença, o país ainda deve enfrentar um longo período nebuloso.
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A inflação na Argentina passa de 140% ao ano. Para se ter uma ideia, no Brasil, a taxa acumulada nos últimos 12 meses está em 4,82%. A corrosão do poder de compra dos hermanos faz do país vizinho um destino em alta para muitos turistas brasileiros.
Cada peso argentino equivale a R$ 0,013. Quando a comparação é com o dólar, a diferença é ainda mais expressiva: US$ 0,002. A crescente demanda por dólares na Argentina, que enfrenta alta inflação há muito tempo, levou à criação de vários câmbios diferentes: o dólar poupança, o dólar blue e até o dólar Coldplay.
Enrico Cozzolino, head de análise da Levante Investimentos, diz que “tanto posturas populistas, quanto discursos extremistas” desagradam o mercado. Por isso, ele acredita que nem Massa nem Milei têm uma bala de prata para salvar a economia argentina no curto prazo.
Alison Corrêa, analista da TOP Gain, concorda que nenhum dos dois candidatos deve trazer estabilidade para o câmbio de imediato. Embora Milei proponha uma ruptura com o atual governo, o analista acredita que será difícil ele executar algumas propostas, como a dolarização da economia, por causa da oposição.
— As condições estruturais estão tão afundadas, que não vai existir nenhuma medida que no período de um ano consiga mudar a situação. O Milei tem medidas que agradam ao mercado, porém precisam de aprovação.... e o governo é esquerdista — avalia.
Corrêa acrescenta:
— Num prazo maior, se Milei conseguir aprovar a dolarização da economia e enxugar o Estado, cortando 30% dos ministérios, como já sugeriu, o peso poderia se valorizar. Isso é lindo no papel, mas não é tanto simples na prática.
Yallon Mazuti de Carvalho, analista-chefe da Box Asset, aposta que a vitória de Milei, que representaria uma mudança de ideologia, poderia agradar ao mercado, atraindo investimentos estrangeiros na expectativa de uma inflação mais controlada.
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Daniel Pontes, da Swap Câmbio e Capitais Internacionais, no entanto, afirma que a vitória de Massa poderia proporcionar mais estabilidade ao mercado por não apresentar surpresas, enquanto as decisões do seu adversário poderiam ser imprevisíveis.
— O Milei é a incerteza. É um candidato muito radical, cujas propostas não estão muito claras. Não é fácil de você dolarizar uma economia, por exemplo. Eu acredito que o Massa poderia trazer novas políticas econômicas para tentar estabilizar a inflação e o câmbio, mas nada muito radical — argumenta. — Mas, independentemente do resultado de domingo, a Argentina ainda vai continuar com uma inflação muito forte.
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