Economia

Após boicote de big techs, CEO do Web Summit diz que várias empresas estão 'ansiosas para voltar'

Katherine Maher espera ter "representação completa do ecossistema" no próximo ano e diz que, na edição brasileira, quer levar mais diversidade

Agência O Globo - GLOBO 17/11/2023
 Após boicote de big techs, CEO do Web Summit diz que várias empresas estão 'ansiosas para voltar'
Katherine Maher - Foto: Reprodução

A primeira parte da resposta de Katherine Maher, CEO do Web Summit, para a pergunta sobre planos futuros à frente do evento de tecnologia é simples: "Continuar no cargo", brinca. A executiva assumiu o comando do Web Summit, maior evento de inovação da Europa, apenas duas semanas antes da abertura da edição deste ano, que reuniu 70 mil pessoas em Lisboa.

Pela primeira vez: Sem big techs na sala, Web Summit tem espaço dedicado à regulação

O Web Summit aconteceu este ano sem a presença de peso de big techs como Meta, Amazon e Google. Parceiras comerciais importantes, elas anunciaram a saída da conferência no mês passado, após polêmicas com o antecessor da CEO, Paddy Cosgrave. Em entrevista ao GLOBO e ao Valor, Katherine Maher conta que "a primeira coisa que fez" ao assumir o cargo foi procurar todas as empresas associadas ao evento "para entender se elas estavam vindo, ou não, e por qual motivo":

— Nós ouvimos de vários parceiros que eles estão ansiosos para voltar. Escutamos isso de diversas empresas que não vieram para Lisboa, mas que planejam avançar com essa parceria para os nossos futuros eventos. Por isso, espero absolutamente que tenhamos mais empresas nos eventos que estão por vir e que vocês vejam uma representação completa do ecossistema no Web Summit em 2024.

O Web Summit não abriu o número exato de empresas que desistiram de participar. Do ano passado para cá, no entanto, houve uma queda na quantidade de parceiros comerciais anunciada pelo próprio evento- o balanço mostrava 342 companhias na edição passada, contra 321 este ano.

Polêmica, renúncia e futuro do festival

A reação das grandes empresas de tecnologia americanas veio depois do fundador e ex-CEO Paddy Cosgrave criticar, pelas redes sociais, a postura de Israel no conflito contra o Hamas. O executivo acusou o país de cometer crimes de guerra e, pouco depois, se retratou - quando empresários e empreendedores já tinha anunciado que deixariam de ir ao evento.

Apesar de ausências de peso, incluindo alguns dos maiores investidores de risco do Vale do Silício, Katherine Maher assegura que vê de maneira "extremamente positiva" o resultado desta edição do Web Summit, que terminou na quinta-feira. Para os próximos eventos, além de reconquistar os participantes desistentes, ela diz que quer manter a estrutura e modelo que tornaram a conferência a potência de hoje. Mas admite aperfeiçoamentos:

— Pessoalmente, estou muito interessada em tecnologia fundamental e deep tech. Não tivemos tantos tecnólogos no palco este ano falando sobre inovação realmente de ponta. Eu adoraria ver esse tipo de coisa. — que cita, como outra prioridade, aumentar a acessibilidade e diversidade do festival.

A nova presidente do Web Summit garante que Paddy Cosgrave já não desempenha nenhum papel na governança ou operação da empresa. A maior parte da estrutura societária, no entanto, continua sob seu controle: Paddy detém 81% da empresa, enquanto os cofundadores David Kelly e Daire Hickey retém o restante.

Os planos para o Web Summit Rio

Durante mais de uma década, Cosgrave foi responsável por alavancar o tamanho e a relevância da conferência de tecnologia em Lisboa, além de levá-la para América Latina e Oriente Médio. Com outro nome, mas seguindo o mesmo modelo, o Web Summit também passou a ter edições na América do Norte e na Ásia.

A conferência desembarcou no Rio de Janeiro para a primeira edição na América do Sul no ano passado. Katherine conta que está "muito animada" para voltar ao Rio e afirma que levar mais diversidade ao evento é um ponto de importancia para ela:

— Eu me preocupo profundamente com isso. E tenho consciência de que isso é algo prioritário para nós. Temos uma equipe incrível que está focada na diversidade, inclusão e paridade de gênero. Eu estou ciente de que o Brasil é um país onde estas questões são extremamente importante.

A executiva citou a reprodução, no Web Summit Rio, de programas de inclusão adotados na edição lisboeta como uma das possibilidades de endereçar o tema, o que inclui incentivos para estudantes e incentivos para paridade de gênero nos palcos. Katherine também cita a internacionalização da conferência como algo que pretende trabalhar:

— Estou muito animada sobre como usar essa oportunidade para expor startups e empresas do Brasil e da América Latina, mas também para entender como podemos conectar isso com a comunidade tecnológica global. Essa fusão vai ser bem importante.