Economia

Taylor Swift no Rio: atração de fãs da estrela pop impulsiona a rede hoteleira e a economia carioca

Ocupação chega a 97% no dia 17 de novembro, sexta-feira, quando a cantora sobe ao palco pela primeira vez no Estádio Nilton Santos, o Engenhão. Serão três shows

Agência O Globo - GLOBO 16/11/2023
Taylor Swift no Rio: atração de fãs da estrela pop impulsiona a rede hoteleira e a economia carioca
Taylor Swift - Foto: Arquivo/ Instagram

A cantora americana Taylor Swift acaba de desembarcar no Brasil para shows nas cidades de São Paulo e Rio de Janeiro, com sua aguardada turnê The Eras. Ela já está bem acomodada em um hotel de luxo da Zona Sul do Rio, mas os seus fãs também estão movimentando a rede hoteleira carioca, provocando uma das mais altas taxas de ocupação já registradas na capital fluminense. Serão três apresentações no Rio.

Para o dia em que ela sobe ao palco do Estádio Nilton Santos, o Engenhão, pela primeira vez, a média de ocupação chega a 97,03%. É parecido com os 98% de ocupação da rede hoteleira carioca registrados no último réveillon. E os fãs atraídos para o Rio devem também movimentar a economia da cidade, particularmente os setores de bares, restaurantes e atrações turísticas.

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Lançada em 17 de março no Arizona, a turnê caminha para se tornar a mais lucrativa de todos os tempos do showbusiness e deve ultrapassar US$ 1 bilhão (R$ 4,87 bilhões) em vendas de ingressos, superando o recorde de US$ 939 milhões de Elton John, segundo a revista especializada Billboard.

O impacto econômico da cantora mundo afora não tem passado despercebido. A primeira fase das apresentações, com início em março nos Estados Unidos, foi destaque em um documento do Banco Central americano, o Federal Reserve (Fed). Em julho, o Fed disse que a receita hoteleira na Filadélfia chegou ao maior patamar desde a pandemia, impulsionada pela The Eras.

Ainda não existem levantamentos que estimem o impacto da passagem de Taylor na economia brasileira. Um indicativo, no entanto, é que a hotelaria carioca já está com 93,54% dos quartos ocupados para os dias entre 16 e 19 de novembro — os shows da cantora no Rio acontecem entre os dias 17 e 19. E no primeiro dia vai ultrapassar 97%.

Turismo de experiência movimenta cidades

Em setembro, o The Town, festival de música que ocorreu em São Paulo, impulsionou o segmento de serviços e ajudou a recuperar boa parte da queda registrada no mês anterior. Segundo o IBGE, o The Town ajudou a evitar uma retração maior do setor como um todo, que recuou 0,3% em setembro.

Depois dos Estados Unidos, Taylor seguiu viagem pela América Latina, Oceania, Ásia e Europa. Especialistas dizem que o grande sucesso da passagem da cantora em vários países acontece porque ela transforma cada apresentação em uma experiência única. Taylor reserva duas músicas surpresa para cada noite, deixando os fãs na expectativa.

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Além disso, uma tradição de troca de pulseiras “da amizade” (ou friendship bracelets) se tornou marca registrada entre o público da cantora. Bijuterias de miçangas, inspiradas nas músicas e na sua carreira, viraram símbolo de conexão entre seus admiradores e quase um certificado de comparecimento nos shows.

O especialista em turismo e professor da Universidade do Estado do Rio de Janeiro (Uerj) Vitor Stuart De Pieri afirma que a pandemia impulsionou a procura pelo turismo de experiência, o que acabou renovando o segmento de shows musicais, que passaram a incorporar outros elementos, indo além da música.

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Essa transformação foi tão bem sucedida que tem motivado muitas pessoas a cruzarem fronteiras apenas para assistir seus artistas favoritos ao vivo, ou até mesmo a repetir a dose, comprando um novo ingresso para ver a magia acontecer novamente.

— É algo que não acontecia com tanta frequência. A experiência de um show desses é ainda mais atrativa que os shows mais convencionais — diz.

Além do talento musical, o psicanalista Alexandre Patrício sugere que o sucesso da cantora está relacionado à sua personalidade introvertida e parecida com a da geração mais jovem, embora tenha nascido em 1989. Depois da pandemia, o especialista conta que os adolescentes ficaram mais quietos e reservados, tendo apreciado mais os momentos em que estão sozinhos:

— É uma geração conectada, mas que não se expõe tanto, como ela. A Taylor tem uma personalidade bem contemporânea e, ao mesmo tempo, consegue expressar em letras profundas os sentimentos e conflitos que vivencia — conta Patrício, que também é criador do podcast Psicanálise de Boteco.