Economia
Com onze meses de atraso, mercado espera divulgação do balanço de 2022 da Americanas para esta segunda
Números da varejista, que está em recuperação judicial, serão fundamentais para investidores e credores entenderem a real situação financeira da companhia
Depois de vários adiamentos, o mercado espera para esta segunda, dia 13, a divulgação do balanço da Americanas referente ao quarto trimestre de 2022. A demonstração financeira será fundamental para que os investidores compreendam a real situação será fundamental para que os investidores compreendam a real situação das finanças da empresa.
Imagem arranhada: B3 suspende a Americanas do Novo Mercado, segmento de alta governança das empresas
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A varejista está em recuperação judicial, depois que o ex-presidente Sergio Rial, que ficou apenas nove dias no cargo, no início deste ano, anunciou inconsistências contábeis de R$ 20 bilhões. As dívidas da varejista chegam a R$ 42,5 bilhões.
Com onze meses de atraso, os números também serão fundamentais para que se chegue a um acordo com os bancos credores. Na semana passada, durante a divulgação do balanço do Itaú, o presidente da instituição, Milton Maluhy, disse que acreditava que o acordo com a Americanas estava mais próximo. Os bancos deverão tornar-se sócios da empresa ao lado dos acionistas de referência, Jorge Paulo Lemann, Marcel Herrmann Telles e Beto Sicupira.
Ao lado do balanço, a Americanas deverá apresentar a situação do seu plano de recuperação judicial, que ainda deve ser aprovado pelos credores. A companhia estima que o plano deve ser aprovado ainda este ano. Ainda não serão apresentados os números deste ano.
Rombo e natureza da fraude
Analistas querem entender dois dados fundamentais: o tamanho do buraco nas contas da Americanas e sua natureza — se a fraude se dava apenas com fornecedores, com alteração de dados dos contratos, especialmente de marketing, para tornar os ativos da companhia maiores do que eram na realidade.
A Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) da Americanas, na Câmara dos Deputados, também apontou que bilhões de reais em contratos de financiamento bancário, através do mecanismo de risco sacado (ou forfait, operação que consiste no financiamento de fonecedores pelos bancos) estavam fora do balanço ou contabilizados indevidamente.
A divulgação do balanço estava prevista para o último dia 31 de outubro, mas a companhia adiou a apresentação afirmando que ter recebido documentos que precisavam de mais tempo para análise. A empresa não especificou que tipo de documentos foram recebidos.
A justiça do Rio de janeiro determinou, na semana passada, que a Americanas continue pagando R$ 300 mil mensais à empresa CCC Monitoramento, para monitorar os números da empresa. O objetivo é evitar que executivos e funcionários da varejista mantenham condutas com potencial para prejudicar os credores, envolvidos na recuperação judicial da firma.
Empresa acusa ex-CEO
A Americanas acusa o ex-presidente Miguel Gutierrez pelas fraudes, que teriam começado anos atrás. Gutierrez deixou o comando em dezembro do ano passado, sendo sucedido por Sergio Rial, ex-presidente do Santander Brasil, que tornou públicas as inconsistências. A expectativa de analistas é que sejam reapresentados os números de 2021 também, quando a Americana registrou um crescimento de 33% em relação a 2020, e atingiu o maior lucro da história: R$ 731 milhões.
RJ: Credores rejeitaram plano de recuperação judicial da Americanas
Gutierrez enviou à CPI que investiga o rombo na empresa uma carta em que afirmou ter sido escolhido como “conveniente ‘bode expiatório’ para ser sacrificado” no caso do rombo da companhia. Segundo ele, os acionistas de referência, participavam e tinham conhecimento sobre a situação contábil da empresa.
Na semana passada, a Bolsa de Valores São Paulo, a B3, anunciou a suspensão da Americanas do Novo Mercado, segmento da Bolsa onde são negociadas as ações de empresas com alto padrão de governança corporativa, por tempo indeterminado. Segundo a B3, a Americanas está descumprindo as normas desse segmento de listagem.
As ações da varejista, entretanto, continuam sendo negociadas no pregão. A proibição de que a varejista use o selo do novo mercado é um novo revés para a imagem da companhia. A Americanas informou que vai recorrer junto à B3 para invalidar a decisão.
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