Economia

Conheça os cursos online que geram ganhos de receita

Sete em cada dez criadores de conteúdo têm aumento de ganhos com infoprodutos

Agência O Globo - EXTRA 12/11/2023
Conheça os cursos online que geram ganhos de receita

Três meses depois de aprender macramê, Osana Barreto recebeu seu primeiro pedido para ensinar a técnica de tecelagem manual com uso de nós. Ela, que já tinha sido professora de Educação Artística, aceitou a ideia e construiu uma oficina, que atraiu mais cinco alunas. O boca a boca fez as aulas se repetirem e as turmas crescerem ao longo de alguns meses, até que os filhos Daniel e André lhe propuseram mudar o formato de ensino.

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— Eu achava que era impossível dar um curso de artesanato pela internet. Meus filhos (que trabalhavam em uma produtora de audiovisual) me convenceram. Eles me falavam: “Vamos filmar de perto, para que as pessoas possam enxergar esse nó” — lembra Osana, aos 60 anos.

Ainda no fim de 2019, a família se antecipou a um boom que viria com a pandemia da Covid-19. Diante do isolamento social imposto para conter o avanço da doença, os infoprodutos — como cursos on-line, ebooks, podcasts, entre outros formatos — atenderam, de um lado, à necessidade de gerar renda, e, de outro, ao desejo de novas possibilidades para aprender, explica o professor de Publicidade e Propaganda do Ibmec RJ, Victor Azevedo.

Apenas na Hotmart, plataforma que fornece todo o ecossistema para criação e venda de conteúdos digitais, as vendas aumentaram 100% em 2020 e, desde então, não houve recuo, crescendo dois dígitos a cada ano.

— O infoproduto veio para ficar, até por ser escalável. Esse é um pró, aliás, do infoproduto para o criador. Ele consegue fazer uma vez só e vender por muito tempo, de qualquer lugar. Assim como o consumidor pode consumir de qualquer lugar — avalia Victor Azevedo.

Segundo um estudo feito pela plataforma junto à Escola de Comunicação, Mídia e Informação da Fundação Getulio Vargas (FGV ECMI), 70% dos criadores de Hotmart têm aumento de renda com a venda de infoprodutos. Esse percentual sobe para 100% quando considerados os que estão há mais de um ano vendendo produtos digitais por meio da plataforma. O faturamento médio dos criadores é de R$ 4.194.

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Qualquer um pode lançar um infoproduto, com poucos recursos. Mas fatores como o investimento em tráfego pago para divulgá-lo ou o alcance das próprias redes sociais influenciam no sucesso.

A família de Osana Barreto investiu cerca de R$ 10 mil para começar a vender o curso de forma totalmente profissional. Cerca de R$ 6 mil foram investidos em capacitação — cursos de Negócios e Marketing para os filhos — e R$ 4 mil, em tráfego pago para divulgar as aulas. Quatro anos depois, os conteúdos de macramê gravados e compartilhados por ela já alcançaram 13 mil pessoas, em 19 países — números que não seriam possíveis somente com as oficinas presenciais.

Capacitação

Os cursos mais oferecidos e mais buscados na Hotmart são, como os de Osana, aqueles que capacitam para a geração de renda extra.

Na Sympla — startup brasileira de tecnologia atuante no ramo de venda de tíquetes e gestão de eventos na internet —, o cenário é similar. Do total, 85% dos produtos digitais são corporativos, ou seja, voltados ao networking e à educação. E a demanda segue a mesma linha.

— A Sympla era muito focada em eventos presenciais. Então, na pandemia, para atender os produtores de eventos que estavam enfrentando dificuldades, abrimos duas novas linhas de conteúdo: os eventos em live e os eventos gravados — relata Tomás Miranda, gerente de Desenvolvimento de Negócios da Sympla: — Mas, no pós-pandemia, os infoprodutos não engajaram bem no mundo do entretenimento. As pessoas ainda fazem questão de ir aos eventos culturais presenciais. Os destaques entre os infoprodutos são os eventos corporativos, voltados para o networking ou a educação, e pode parecer surpreendente, os eventos esportivos, como os desafios de corrida indoor.

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Da base de criadores de conteúdos digitais associados à Sympla, 90% são pequenos empreendedores, conta Miranda:

— É o professor de Matemática, de Fisioterapia ou de Excel, por exemplo, que não vê barreira para lançar seu produto. É muito fácil usar a plataforma, e ele só paga se vender. Ou seja, por eventos gratuitos, a Sympla não cobra nada. Nos pagos, se for ao vivo, pede 10% por venda. E nos gravados, 10% ou um mínimo de R$ 2,50 por venda.

Depoimento: Vice-presidente de Assuntos Corporativos da Hotmart, Leandro Conti

"O criador de conteúdo que está desenvolvendo seu primeiro produto digital precisa, em princípio, apenas de internet e uma câmera ou celular. Além disso, é recomendado que já tenha uma audiência e “autoridade”, isto é, que seja respeitado dentro de seu nicho para conseguir as primeiras vendas. Vimos diversos casos de criadores que começaram com uma estrutura básica, sem equipe de suporte, e passaram a profissionalizar seus negócios com o passar do tempo. Nosso modelo de negócios é ganha-ganha. Isso quer dizer que não há custo para a hospedagem de produtos na Hotmart. Somente se houver venda, a plataforma cobra uma porcentagem de 9,9% sobre o valor do produto e mais R$ 1 por venda efetuada."

Academia digital quer ser unicórnio

Na academia do educador físico Ricardo Lapa já couberam 45 mil pessoas queimando calorias ao mesmo tempo. O público, que lotaria um estádio de futebol, acompanhava em uma transmissão virtual os exercícios passados por ele, de uma sala pequena.

A escalabilidade do negócio digital impulsiona Ricardo a sonhar que a Academia Foguete se torne um unicórnio — empresa com valor de mercado acima de US$ 1 bilhão antes de abrir capital em Bolsa da Valores — em até dois anos.

— Hoje, tirei o peso de ser somente eu ensinando. Divido com 17 professores as 350 aulas ao vivo por mês, que são nosso grande diferencial, com um professor e de dois a três estagiários supervisionando as câmeras de quem está de casa e avisando se há uma execução errada. Conseguimos levar essa experiência de academia física, humanizada, para o digital. E a média por aula ao vivo é de 500 alunos, mas já colocamos 45 mil pessoas — conta Lapa.

A ideia de vender um produto digital surgiu quando o empreendedor não via mais meios de aumentar sua renda, apesar de haver demanda para seus serviços. Ele era personal trainer em uma rede de academias no Rio e faturava cerca de R$ 30 mil por mês, mas já trabalhava o dia inteiro.

A pedidos, passou a oferecer um serviço de consultoria por WhatsApp, que lhe apontou que o caminho para escalar o negócio estava na internet. Em 2016, começou a desenvolver o produto digital para a Hotmart.

A Academia Foguete inventou seu próprio caminho. Ao contrário da maioria dos infoprodutos disponíveis na plataforma, apostou na recorrência. Ou seja, os consumidores também pagam mensalidades, como ocorre numa academia convencional.

— Coloquei aulas gravadas divididas por níveis de dificuldade, o que me possibilitava cobrar um valor mais acessível também. Com o passar do tempo, aperfeiçoamos o produto, com as aulas ao vivo. Já tivemos 250 mil alunos em 56 países. A perspectiva para o ano que vem é de dobrar a marca de clientes, e a gente só para quando virar unicórnio — diz Lapa.