Economia
Conheça os cursos online que geram ganhos de receita
Sete em cada dez criadores de conteúdo têm aumento de ganhos com infoprodutos
Três meses depois de aprender macramê, Osana Barreto recebeu seu primeiro pedido para ensinar a técnica de tecelagem manual com uso de nós. Ela, que já tinha sido professora de Educação Artística, aceitou a ideia e construiu uma oficina, que atraiu mais cinco alunas. O boca a boca fez as aulas se repetirem e as turmas crescerem ao longo de alguns meses, até que os filhos Daniel e André lhe propuseram mudar o formato de ensino.
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— Eu achava que era impossível dar um curso de artesanato pela internet. Meus filhos (que trabalhavam em uma produtora de audiovisual) me convenceram. Eles me falavam: “Vamos filmar de perto, para que as pessoas possam enxergar esse nó” — lembra Osana, aos 60 anos.
Ainda no fim de 2019, a família se antecipou a um boom que viria com a pandemia da Covid-19. Diante do isolamento social imposto para conter o avanço da doença, os infoprodutos — como cursos on-line, ebooks, podcasts, entre outros formatos — atenderam, de um lado, à necessidade de gerar renda, e, de outro, ao desejo de novas possibilidades para aprender, explica o professor de Publicidade e Propaganda do Ibmec RJ, Victor Azevedo.
Apenas na Hotmart, plataforma que fornece todo o ecossistema para criação e venda de conteúdos digitais, as vendas aumentaram 100% em 2020 e, desde então, não houve recuo, crescendo dois dígitos a cada ano.
— O infoproduto veio para ficar, até por ser escalável. Esse é um pró, aliás, do infoproduto para o criador. Ele consegue fazer uma vez só e vender por muito tempo, de qualquer lugar. Assim como o consumidor pode consumir de qualquer lugar — avalia Victor Azevedo.
Segundo um estudo feito pela plataforma junto à Escola de Comunicação, Mídia e Informação da Fundação Getulio Vargas (FGV ECMI), 70% dos criadores de Hotmart têm aumento de renda com a venda de infoprodutos. Esse percentual sobe para 100% quando considerados os que estão há mais de um ano vendendo produtos digitais por meio da plataforma. O faturamento médio dos criadores é de R$ 4.194.
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Qualquer um pode lançar um infoproduto, com poucos recursos. Mas fatores como o investimento em tráfego pago para divulgá-lo ou o alcance das próprias redes sociais influenciam no sucesso.
A família de Osana Barreto investiu cerca de R$ 10 mil para começar a vender o curso de forma totalmente profissional. Cerca de R$ 6 mil foram investidos em capacitação — cursos de Negócios e Marketing para os filhos — e R$ 4 mil, em tráfego pago para divulgar as aulas. Quatro anos depois, os conteúdos de macramê gravados e compartilhados por ela já alcançaram 13 mil pessoas, em 19 países — números que não seriam possíveis somente com as oficinas presenciais.
Capacitação
Os cursos mais oferecidos e mais buscados na Hotmart são, como os de Osana, aqueles que capacitam para a geração de renda extra.
Na Sympla — startup brasileira de tecnologia atuante no ramo de venda de tíquetes e gestão de eventos na internet —, o cenário é similar. Do total, 85% dos produtos digitais são corporativos, ou seja, voltados ao networking e à educação. E a demanda segue a mesma linha.
— A Sympla era muito focada em eventos presenciais. Então, na pandemia, para atender os produtores de eventos que estavam enfrentando dificuldades, abrimos duas novas linhas de conteúdo: os eventos em live e os eventos gravados — relata Tomás Miranda, gerente de Desenvolvimento de Negócios da Sympla: — Mas, no pós-pandemia, os infoprodutos não engajaram bem no mundo do entretenimento. As pessoas ainda fazem questão de ir aos eventos culturais presenciais. Os destaques entre os infoprodutos são os eventos corporativos, voltados para o networking ou a educação, e pode parecer surpreendente, os eventos esportivos, como os desafios de corrida indoor.
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Da base de criadores de conteúdos digitais associados à Sympla, 90% são pequenos empreendedores, conta Miranda:
— É o professor de Matemática, de Fisioterapia ou de Excel, por exemplo, que não vê barreira para lançar seu produto. É muito fácil usar a plataforma, e ele só paga se vender. Ou seja, por eventos gratuitos, a Sympla não cobra nada. Nos pagos, se for ao vivo, pede 10% por venda. E nos gravados, 10% ou um mínimo de R$ 2,50 por venda.
Depoimento: Vice-presidente de Assuntos Corporativos da Hotmart, Leandro Conti
"O criador de conteúdo que está desenvolvendo seu primeiro produto digital precisa, em princípio, apenas de internet e uma câmera ou celular. Além disso, é recomendado que já tenha uma audiência e “autoridade”, isto é, que seja respeitado dentro de seu nicho para conseguir as primeiras vendas. Vimos diversos casos de criadores que começaram com uma estrutura básica, sem equipe de suporte, e passaram a profissionalizar seus negócios com o passar do tempo. Nosso modelo de negócios é ganha-ganha. Isso quer dizer que não há custo para a hospedagem de produtos na Hotmart. Somente se houver venda, a plataforma cobra uma porcentagem de 9,9% sobre o valor do produto e mais R$ 1 por venda efetuada."
Academia digital quer ser unicórnio
Na academia do educador físico Ricardo Lapa já couberam 45 mil pessoas queimando calorias ao mesmo tempo. O público, que lotaria um estádio de futebol, acompanhava em uma transmissão virtual os exercícios passados por ele, de uma sala pequena.
A escalabilidade do negócio digital impulsiona Ricardo a sonhar que a Academia Foguete se torne um unicórnio — empresa com valor de mercado acima de US$ 1 bilhão antes de abrir capital em Bolsa da Valores — em até dois anos.
— Hoje, tirei o peso de ser somente eu ensinando. Divido com 17 professores as 350 aulas ao vivo por mês, que são nosso grande diferencial, com um professor e de dois a três estagiários supervisionando as câmeras de quem está de casa e avisando se há uma execução errada. Conseguimos levar essa experiência de academia física, humanizada, para o digital. E a média por aula ao vivo é de 500 alunos, mas já colocamos 45 mil pessoas — conta Lapa.
A ideia de vender um produto digital surgiu quando o empreendedor não via mais meios de aumentar sua renda, apesar de haver demanda para seus serviços. Ele era personal trainer em uma rede de academias no Rio e faturava cerca de R$ 30 mil por mês, mas já trabalhava o dia inteiro.
A pedidos, passou a oferecer um serviço de consultoria por WhatsApp, que lhe apontou que o caminho para escalar o negócio estava na internet. Em 2016, começou a desenvolver o produto digital para a Hotmart.
A Academia Foguete inventou seu próprio caminho. Ao contrário da maioria dos infoprodutos disponíveis na plataforma, apostou na recorrência. Ou seja, os consumidores também pagam mensalidades, como ocorre numa academia convencional.
— Coloquei aulas gravadas divididas por níveis de dificuldade, o que me possibilitava cobrar um valor mais acessível também. Com o passar do tempo, aperfeiçoamos o produto, com as aulas ao vivo. Já tivemos 250 mil alunos em 56 países. A perspectiva para o ano que vem é de dobrar a marca de clientes, e a gente só para quando virar unicórnio — diz Lapa.
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