Economia

'Economia vai deslanchar, se fizermos aquilo que precisa ser feito', diz Haddad

Declaração foi dada um dia depois de ministro dizer que vai encaminhar projeto de lei para mudar tributação de fundos exclusivos, focados na alta renda, até fim de agosto

Agência O Globo - GLOBO 20/07/2023
'Economia vai deslanchar, se fizermos aquilo que precisa ser feito', diz Haddad
Haddad - Foto: José Cruz/Agência Brasil

O ministro da Fazenda, Fernando Haddad, aposta que a economia brasileira tem a oportunidade de “deslanchar”, o que vai contribuir para, ao lado da redução dos benefícios tributários e da mudança nas regras de julgamento de processos administrativos envolvendo tributos, elevar a arrecadação e garantir o equilíbrio fiscal em 2024.

– Temos um novo horizonte para a economia brasileira, que tem a oportunidade de deslanchar, se fizermos aquilo que precisa ser feito – afirmou Haddad, na sede carioca do Ministério da Fazenda, durante o lançamento da “agenda de reformas financeiras” para este e o próximo ano, primeira visita do ministro ao Rio desde que tomou posse no cargo.

Segundo Haddad, medidas relacionadas à tributação, como a taxação dos sites de apostas e sobre fundos de investimento exclusivos têm efeito na arrecadação, mas são medidas pontuais. Antes de embarcar para o Rio, o ministro disse em Brasília que uma proposta de tributação desses fundos, voltados para investidores de alta renda, será enviada ao Congresso junto da proposta de Orçamento para 2024.

Questionado sobre isso após o evento no Rio, Haddad frisou que as reformas tributárias na taxação do consumo, em tramitação no Senado, e nas regras gerais do Imposto de Renda (IR), que deverá ficar para um momento seguinte, não visam o aumento de arrecadação.

Ao tratar do crescimento econômico, Haddad voltou a cobrar queda na taxa básica de juros (Selic, hoje em 13,75% ao ano).

– Desde que acompanho economia, não lembro de um semestre tão produtivo, tanto no Judiciário e quanto no Legislativo. O que se espera? Que haja uma reação compatível do ponto de vista da política monetária. Do meu ponto de vista, já há algum tempo já tem um espaço para caminharmos na mesma direção – afirmou o ministro a jornalistas, após o evento, no Rio.

Pouco antes, no discurso, Haddad cobrou publicamente o diretor de Regulação do Banco Central (BC), Otávio Damaso, que compõe o Comitê de Política Monetária (Copom) e, portanto, vota nas decisões sobre a Selic.

Ao citar o crescimento econômico como um fator importante para o equilíbrio das contas do governo, o ministro ponderou que isso acontecerá “se o Otávio” deixasse, numa referência ao fato de que os juros elevados esfriam a economia.

Também no discurso, Haddad elogiou o trabalho do Congresso Nacional no andamento de pauta de interesse do governo, como o novo conjunto de regras fiscais e a reforma tributária das taxas sobre o consumo, e pregou a “harmonia” entre os poderes. No início do ano, ressaltou o ministro, ninguém acreditada no bom andamento desses temas no Legislativo.