Curiosidades
‘Slop’ é escolhida palavra do ano pelo dicionário Merriam-Webster
Originalmente usada para designar lama mole, expressão agora se refere a conteúdo digital de baixa qualidade, geralmente produzido em massa por inteligência artificial.
Conteúdos digitais assustadores, bizarros e comprovadamente falsos são frequentemente chamados de “slop”. A proliferação desse tipo de material, impulsionada pela ampla disponibilidade de inteligência artificial generativa, levou o termo a ser eleito a palavra do ano de 2025 pelo dicionário Merriam-Webster. Sua disseminação em dispositivos eletrônicos é comparada ao impacto que o spam teve nos e-mails.
— É uma palavra tão ilustrativa — avalia Greg Barlow, presidente do Merriam-Webster, em entrevista exclusiva à AP antes do anúncio desta segunda-feira (15). — Faz parte de uma tecnologia transformadora, a IA, e é algo que as pessoas acham fascinante, irritante e um pouco ridículo.
O termo “slop” surgiu no século XVIII para se referir à lama mole, mas foi ampliando seu significado ao longo do tempo, passando a designar algo de pouco valor. Hoje, descreve conteúdo digital de baixa qualidade, geralmente produzido em grande quantidade por meio de inteligência artificial.
Segundo Barlow, trata-se de “vídeos absurdos, imagens publicitárias estranhas, propaganda barata, notícias falsas que parecem reais, livros digitais de baixa qualidade escritos por IA”.
Ferramentas de vídeo com IA, como o Sora, surpreenderam pela capacidade de criar rapidamente vídeos realistas a partir de simples comandos de texto. Entretanto, a enxurrada dessas imagens nas redes sociais, incluindo vídeos que retratam celebridades e figuras públicas já falecidas, levanta preocupações sobre desinformação, deepfakes e direitos autorais.
Esse tipo de conteúdo já circula há anos, mas as ferramentas estão mais acessíveis atualmente — e vêm sendo usadas inclusive para fins políticos. No mês passado, o secretário de Defesa dos EUA, Pete Hegseth, publicou uma imagem manipulada de uma tartaruga de desenho animado, protagonista da série canadense “Franklin”, reimaginada como combatente armado, para defender ações militares dos EUA na Venezuela.
Apesar disso, Barlow vê um lado positivo. O aumento nas buscas pela palavra sinaliza que as pessoas estão mais atentas a conteúdos falsos ou de baixa qualidade e desejam o oposto.
— As pessoas querem coisas reais, genuínas — afirma. — É quase uma palavra de desafio quando se trata de IA. Quando se trata de substituir a criatividade humana, às vezes a IA realmente não parece tão inteligente.
Para selecionar a palavra do ano, os editores do dicionário analisam dados sobre as palavras mais buscadas e utilizadas, chegando a um consenso sobre qual termo melhor reflete o período.
Desde 2003, o dicionário elege uma palavra anualmente para captar e dar sentido ao momento atual. No ano passado, após a eleição presidencial dos EUA e em meio à mudança do clima nacional, o Merriam-Webster escolheu “polarização”.
Entre as finalistas deste ano, destacam-se ainda “viral”, “conclave” — após a morte do Papa Francisco e a escolha de Leão XIV — e “homem performativo”, arquétipo de homem desconstruído que busca chamar atenção por suas escolhas estéticas e interesses. No Brasil, o termo é associado a “esquerdomacho”, embora a expressão não esteja necessariamente ligada à orientação política.
Mais lidas
-
1DEFESA NACIONAL
'Etapa mais crítica e estratégica': Marinha avança na construção do 1º submarino nuclear do Brasil
-
2ECONOMIA GLOBAL
Temor dos EUA: moeda do BRICS deverá ter diferencial frente ao dólar
-
3CRISE INTERNACIONAL
UE congela ativos russos e ameaça estabilidade financeira global, alerta analista
-
4REALITY SHOW
'Ilhados com a Sogra 3': Fernanda Souza detalha novidades e desafios da nova temporada
-
5FUTEBOL INTERNACIONAL
Flamengo garante vaga na Copa do Mundo de Clubes 2029 como quinto classificado