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Marcelo VIP, símbolo de ressocialização, morre em Curitiba após complicações hepáticas

Marcelo Nascimento da Rocha morreu em Curitiba e teve trajetória marcada por golpes e fugas

Agência O Globo - 11/12/2025
Marcelo VIP, símbolo de ressocialização, morre em Curitiba após complicações hepáticas
Marcelo VIP

Marcelo Nascimento da Rocha, conhecido como Marcelo VIP, morreu em Curitiba (PR) em decorrência de complicações hepáticas. A informação foi confirmada ao O GLOBO pelo advogado e amigo Nilton Ribeiro, que destacou que Marcelo era bariátrico. Nas redes sociais, o colega Roberto Bona lamentou a perda: "Foi a grande prova de que ressocializar é possível".

"Aquele que fez muita coisa errada na vida, mas que soube aproveitar as novas chances e escrever outra história. Descanse em paz, meu amigo. Obrigado por tudo. Meus sentimentos a toda família", escreveu Bona.

Marcelo VIP viveu por anos em Cuiabá e chegou a cumprir parte de suas penas na Penitenciária Central do Estado (PCE). Ele ganhou notoriedade nacional em 2001, quando, durante uma festa no Recife (PE), se passou por Henrique Constantino, um dos fundadores da Gol Linhas Aéreas. Na ocasião, concedeu entrevistas como se fosse o empresário, episódio que o projetou nacionalmente.

A sequência de golpes e fugas do sistema prisional inspirou o filme “VIPs – Histórias reais de um mentiroso”, estrelado por Wagner Moura e lançado em 2010. O longa alcançou cerca de 600 mil espectadores e conquistou quatro prêmios no Festival do Rio.

Na época das filmagens, Marcelo estava preso na PCE, onde permaneceu por quatro anos até progredir de regime, em 2014. Como não havia unidade destinada ao semiaberto, passou para prisão domiciliar com tornozeleira eletrônica.

Em 2018, voltou a ser detido após ser acusado de forjar documentos para obter nova progressão de regime. Ao longo da vida, acumulou condenações por associação ao tráfico, roubo de avião, estelionato e falsidade ideológica. Foi preso pelo menos 12 vezes e protagonizou seis fugas.

Após deixar a cadeia em definitivo, Marcelo buscou reconstruir sua trajetória, atuando como palestrante e escritor, refletindo sobre sua própria história — marcada por audácia, múltiplas identidades e quedas sucessivas.

O filme inspirado em sua vida teve Wagner Moura no papel principal. À época do lançamento, o ator comentou ao O GLOBO que reconhecia no personagem ecos de sua própria juventude: “Eu era problemático que nem o Marcelo do filme, só que sem ser tão emo. Passava por muitos conflitos internos.” No longa, Moura interpreta o impostor que se fez passar por executivo de multinacional, piloto de avião e até chefe do tráfico. Apaixonado por aviação, o ator chegou a pilotar a aeronave usada nas cenas.