Curiosidades
Museu Vassouras abre hoje com obras de mais de 60 artistas, incluindo Tarsila do Amaral
Coletiva 'Chegança' reúne trabalhos de artistas históricos e da região do Vale do Café
Após sete anos de obras e uma expectativa ampliada pela apresentação, por um final de semana de agosto, de como ficou a reforma do antigo Hospital Nossa Senhora da Conceição, casarão datado de 1848, o Museu Vassouras, no Sul Fluminense, será finalmente inaugurado hoje com a abertura da mostra coletiva “Chegança”.
Com curadoria de Marcelo Campos, do Museu de Arte do Rio (MAR), e Thayná Trindade, a mostra reúne 130 obras de mais de 60 artistas em três eixos: “Folias”, “Vapor” e “Milagre”, ocupando todas as três salas do espaço expositivo. A concepção aborda expressões culturais do Vale do Café, região que abarca 15 municípios, como Vassouras, Valença, Miguel Pereira, Mendes, Rio das Flores, Engenheiro Paulo de Frontin, Paracambi e Volta Redonda, e suas transformações ao chegarem ao litoral e à capital.
A seleção contou com obras de instituições e coleções particulares, como a do empresário Ronaldo Cezar Coelho, fundador do Instituto Vassouras Cultural (IVC), organização sem fins lucrativos responsável pela reforma do casarão no centro da cidade (que estava em ruínas após um incêndio em 2008) e sua readequação como museu. Do acervo do empresário, vem a vedete da exposição, “Composição (Figura só)” (1930), de Tarsila do Amaral, trazida do Masp, onde está em comodato. A tela está na sala Milagre, que aborda mitos e crenças, como a devoção a Nossa Senhora da Aparecida (padroeira do Brasil), surgida da descoberta de uma imagem de Nossa Senhora da Conceição (padroeira de Vassouras) no Rio Paraíba do Sul.
— A exposição tem um recorte histórico, mas também trazemos artistas da região. Ao lado da Tarsila vão estar obras comissionadas do Jovininho, um pintor de Pinheiral, retratando a aparição da santa com a paisagem do Paraíba do Sul vista do quintal da sua casa. Do outro lado tem um vídeo de uma apresentação da (violonista e cantora) Rosinha de Valença com Jards Macalé — detalha Campos. — A gente une com essa ideia do surrealismo da Tarsila, daquela figura que é um tanto sereia, uma mulher ancestral.
A sala Folias, que dá passagem às outras duas (em expografia de Gisele de Paula, que também assina a da 36ª Bienal de São Paulo, junto a Tiago Guimarães), traz elementos das festas populares da região, como as folias de reis e o jongo, e suas conexões com o carnaval carioca e tradições como os bate-bolas. As celebrações são representadas em obras como as telas “Festa do Divino”, de Djanira, e “Meu limão”, de Beatriz Milhazes, da escultura em crochê “Pequenas historias de conto de fada”, de Lidia Lisboa, da instalação sem título de Sonia Gomes, e do vídeo “Pancadão”, de Rafa BQueer.
Já “Vapor” narra a conexão feita até hoje pelos trilhos de trem entre o Vale do Café e o Rio, passando pela Baixada Fluminense. Um encontro formado por temas relacionados ao trabalho, às religiões afro-brasileiras e à formação da cultura do samba, em obras como a série “Língua como estandarte”, de André Vargas; os retratos de Mariana Crioula e Manuel Congo, de Dalton Paula; escultura em madeira de Chico Tabibuia; telas de festividades de Heitor dos Prazeres e Sérgio Vidal; fotos de Walter Firmo de Clementina de Jesus e Paulinho da Viola; e bonecas artesanais de bucha orgânica, feitas no Quilombo São José da Serra, em Santa Isabel do Rio Preto, distrito de Valença.
— Buscamos uma revisão da ideia do trabalho, relacionada ao negro em representações históricas. Aqui entram os cantos de trabalho, as danças de umbigada, o jongo, que encontra o urbano no Rio com as tias baianas — destaca Campos. — Essas tradições se mantêm vivas até hoje, em lugares como a Serrinha (na Zona Norte do Rio), por exemplo.
Além das três salas, a exposição traz no andar inferior e no pátio instalações em grande escala de Rosana Paulino, Aline Motta, Jorge dos Anjos e Tainan Cabral. Para Catarina Duncan, diretora artística do museu, as obras de artistas negros e indígenas, a exemplo de Denilson Baniwa e Ziel Karapotó, permitem contar a história da região a partir de múltiplos olhares.
— Quando você pensa um território, tem narrativas inesgotáveis para construir essa identidade: as visões desses grupos de pessoas, a perspectiva da terra, a questão ambiental — observa Catarina. — O público pode se identificar com essas histórias ou com outras que estão por vir. A ideia é termos mostras de longa duração e temporárias, sem a restrição de ser um museu de território ou só de arte contemporânea. Dá para conciliar tudo.
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