Um dia antes de participar pela segunda vez da CCXP — a primeira foi em 2023, para divulgar “Duna: parte 2” —, o ator Timothée Chalamet encontrou alguns fãs e a imprensa em um evento mais "intimista" nesta quinta (4), no BTG Pactual Hall, em São Paulo. Ao lado do diretor Josh Safdie, o americano de 29 anos falou sobre o filme “Marty Supreme”, cuja divulgação é o motivo de sua vinda ao Brasil. Previsto para estrear no país em 22 de janeiro, o drama acompanha um jovem ambicioso, interpretado por Timothée, que deseja se tornar um grande nome do tênis de mesa.

Depois da exibição dos 30 minutos iniciais do filme, com o corte logo em um primeiro momento de tensão (o que provocou leves reclamações da plateia, diga-se), Chalamet apareceu no palco trajado em um amarelo reluzente, com uma bandeira do Brasil como lenço no pescoço. Carinhoso com os fãs, antes de se sentar pegou um bilhete de um que estava na primeira fila.

A comunicadora Aline Diniz, responsável por mediar a conversa, logo perguntou para Timothée o que havia de especial no Brasil para que fosse o país escolhido por ele para começar a turnê de divulgação do filme. Sem titubear, ele disse que o motivo foi a recepção calorosa dos fãs, em 2023, e a paixão dos brasileiros pelo cinema.

— Estava aqui há alguns anos, na CCXP, e foi uma recepção tão incrível, há uma comunidade cinéfila tão vibrante aqui. Os brasileiros são apaixonados por cinema como Marty (o protagonista) é apaixonado no filme. Então, parecia um lugar muito óbvio para vir. É um ótimo país, um ótimo lugar para começar — respondeu.

Apesar desta ser sua primeira vez no Brasil, Josh Safdie (conhecido por “Jóias brutas”) contou ter dois longas brasileiros como inspirações: “Pixote, a lei do mais fraco”, de 1980, e “Cidade de Deus”, de 2002.

Baseado em história real

Ambientado nos anos 1950, “Marty Supreme” traz Chalamet como Marty Mauser, um fenômeno do tênis de mesa que tem a vida repleta de reviravoltas na medida em que começa a competir. Produzido pela A24 e com distribuição da Diamond Films, o longa é inspirado na história real de Marty Reisman, tenista de mesa multipremiado que se tornou o atleta mais velho a vencer um campeonato nacional.

Apesar do personagem dúbio — ora carismático e engraçado, ora egocêntrico e rude —, o drama narra a busca por um sonho impossível e o quão obstinado Marty se torna para alcançá-lo. É uma metáfora para o ideal do “sonho americano”.

— O tênis de mesa é só uma metáfora no filme. O sonho dele é singular. Não há um pote de ouro no fim do túnel, ele só quer ser ótimo e não vai parar mesmo se receber um “não”. Adoro ver quanta gente nova está aqui, porque, quando era mais novo, sonhar era tudo o que eu fazia. E acredito que essa era uma parte minha que o Josh queria trazer para o filme — disse Timothée.

Questionado, o diretor contou que chegou a pensar no jovem ator para o papel antes mesmo de trabalhar no roteiro:

— Quando você escolhe o ator, você escolhe tudo o que o nome remete. Quando conheci Timmy, em 2017, conheci um homem jovem no canto de uma sala. Disseram que ele seria um astro. Mas ele não parecia presente ali. (Conseguia ver que) ele tinha grandes ideias para si mesmo. Era o “Timmy Supreme”, ele tinha ideias supremas. Eu tinha conhecido um astro. “Me chame pelo seu nome” saiu pouco depois e as entrevistas me fizeram amá-lo ainda mais. Na minha cabeça só havia ele — respondeu.

Em meio aos atletas mencionados ao longo da conversa — nomes como os brasileiros Hugo Calderano e Gabriel Medina soaram com euforia, diga-se —, Chalamet explicou que não houve uma pesquisa direcionada à vida de Marty Reisman.

— (O personagem) é uma mistura. Não houve uma pesquisa específica, mas várias coisas me inspiraram… Diferentes performances, filmes, músicas e esportes — disse.

Sucesso de crítica

O longa fez sua estreia no "New York Film Festival" e recebeu elogios da imprensa especializada. No exterior, a crítica tem pontuado a atuação como a “melhor da carreira” de Timothée, considerando-o como uma das apostas na disputa pelo Oscar 2026.

Em meio aos fãs animados, o americano parecia querer dar muito de si, o que o fez se perder em algumas respostas e passar a bola para o colega de palco vez ou outra. A cumplicidade entre ator e diretor foi reforçada por Chalamet ao falar sobre a liberdade que ganhou nas gravações:

— Acho que nunca trabalhei com alguém que quisesse coisas tão específicas para o filme, mas que ainda desse tanta liberdade. Quando encontrei a voz do Marty foi libertador, me fez acreditar em mim. Depois de alguns anos em Hollywood, sua autoconfiança pode ficar comprometida… Sinto que Josh me ajudou a me reconectar com isso — dividiu.

Para o diretor, os elogios à atuação de Chalamet são pertinentes:

— Minhas cenas favoritas são as em que o fico vendo atuar. Estava editando o filme e tem algo que o Timmy faz algo que faz parecer que vemos a alma de Marty, é incrível — disse.

O local do evento foi divulgado inicialmente pela organização apenas para os convidados (fãs e imprensa), para evitar aglomerações. O sigilo não foi sem propósito. Mais cedo, o astro marcou presença em uma ativação surpresa do longa, na região central. A passagem breve e sem horário marcado não foi um impeditivo para os fãs, que fizeram fila para entrar na loja pop-up de produtos de “Marty Supreme”.

O filme estreia oficialmente nos cinemas brasileiros em 22 de janeiro e terá sessões especiais a partir do dia 8 do mesmo mês. O ator e o diretor estarão na CCXP nesta sexta, em painel no Palco Thunder by Claro tv+ e em uma entrevista no Palco Omelete by BB.