Curiosidades
Ararinha-azul volta aos holofotes após filme 'Rio', mas espécie segue ameaçada de extinção
Além da degradação do habitat, a busca de colecionadores particulares agravou o declínio da espécie nos últimos anos
As últimas onze ararinhas-azuis sobreviventes em vida livre foram identificadas por autoridades brasileiras nesta quinta-feira. Os esforços de conservação buscam salvar essas aves emblemáticas, mundialmente conhecidas pelo filme de animação 'Rio'. A ararinha-azul (Cyanopsitta spixii), uma das espécies mais raras do planeta, foi declarada extinta em seu habitat natural semiárido no Nordeste do Brasil há 25 anos.
Essas 11 araras são as únicas remanescentes de um programa de reintrodução realizado a partir de exemplares criados em cativeiro nos últimos anos. Todas testaram positivo para circovírus, uma doença que danifica bicos e penas, mas não oferece risco aos humanos.
"Não tem cura e mata a ave na maioria dos casos", explicou o ICMBio, órgão brasileiro de conservação, em comunicado à AFP.
Além da degradação do habitat, a demanda por parte de colecionadores particulares também contribuiu para o declínio da espécie. No filme 'Rio' (2011), uma ararinha-azul criada em cativeiro nos Estados Unidos retorna ao Brasil para tentar salvar sua espécie.
Desde 2020, dezenas de ararinhas-azuis criadas em cativeiro foram reintroduzidas na natureza. No entanto, apenas 11 sobreviveram, segundo o ICMBio. Outras 21 ararinhas-azuis permanecem em cativeiro, em um centro de reprodução na Bahia, e também testaram positivo para circovírus. As autoridades seguem investigando a origem do surto.
O Brasil multou o centro de reprodução Bluesky, responsável pelas aves infectadas, em R$ 1,8 milhão por não adotar protocolos de biossegurança adequados para conter o vírus. Durante inspeção, foram encontrados comedouros "extremamente sujos" e cheios de fezes, além de tratadores manipulando as aves "usando chinelos, bermudas e camisetas".
O Bluesky havia resistido a uma ordem judicial, emitida em outubro, para recapturar as ararinhas-azuis soltas na natureza. Em nota publicada em seu site esta semana, o centro afirmou que as ararinhas-azuis da América do Sul seriam "mais resistentes" ao circovírus do que as de outras regiões.
Segundo o centro, várias aves se recuperaram e testaram negativo para a doença. Eles afirmam ter implementado medidas sanitárias, como o isolamento de aves saudáveis e a restrição do contato entre aves em cativeiro e as que vivem soltas.
"Nenhuma ave morreu, todas têm excelente capacidade de voo e estão se alimentando bem", declarou o Bluesky.
O centro é parceiro da Associação Alemã para a Conservação de Papagaios Ameaçados, que monitora 75% das ararinhas-azuis registradas no mundo, de acordo com o ICMBio. Em 2024, o Brasil encerrou a parceria com a organização após a venda de 26 aves para um zoológico na Índia sem o consentimento brasileiro.
O governo brasileiro tem reiterado preocupação à CITES, órgão regulador global do comércio de animais silvestres, sobre brechas na legislação internacional que permitem a comercialização de ararinhas-azuis criadas em cativeiro.
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